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Ministro das Finanças alemão diz "estar tranquilo" quanto a novo governo grego

11:55 | 28/01/2015
Wolfgang Schäuble afirma que condições continuam as mesmas após eleições e que corte da dívida de Atenas, como exige novo primeiro-ministro, não é necessário. "A Grécia está no caminho certo", avalia. O novo ministro das Finanças da Grécia, Giannis Varoufakis classifica o programa de resgate dos credores internacionais como um "afogamento simulado", ou seja, uma forma de tortura. Ao mesmo tempo, os ministros das Finanças da UE procuram mostrar tranquilidade em relação ao novo governo, formado por uma coalizão de esquerdistas radicais e populistas de direita. Os ministros querem esperar para ver como o Syriza e o Gregos Independentes imaginam a continuidade da cooperação com relação ao financiamento da Grécia. Após reunião dos ministros europeus das Finanças nesta terça-feira (28/01), em Bruxelas, o holandês Jeroen Dijsselbloem anunciou que viajará a Atenas nesta sexta-feira para se reunir com Varoufakis. "Precisamos nos conhecer", disse o presidente do Eurogrupo, que reúne os 19 países que têm o euro como moeda comum. O presidente não recebeu um mandato oficial do Eurogrupo para sua viagem a Atenas, "mas na Europa existe a liberdade de ir e vir", brincou o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble. "Se eles não quiserem mais ajuda, então, não vamos obrigá-los", disse, após as consultas com seus colegas. O atual segundo programa de resgate à Grécia vigora até o próximo dia 28 de fevereiro. Quando for concluído, com um relatório final dos inspetores da troika formada por UE, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional , pode ser necessário mais um crédito de precaução para qualquer emergência fiscal. Além disso, o pagamento da última parcela de créditos do programa ainda deve ser efetuado. Schäuble disse em Bruxelas que, desde as eleições gregas, nada mudou quanto a isso. "Estamos tranquilos", assegurou. As acaloradas discussões na Alemanha e na sede da UE em Bruxelas sobre um perdão de parte da dívida e bilhões adicionais para a Grécia parecem claramente irritar Schäuble. "Parece que tenho sempre que ficar me desculpando na Grécia por termos concedido ao país uma ajuda excepcionalmente grande", disse o ministro. "Tenho que ressaltar o seguinte: o contribuinte alemão também teve que dar uma contribuição alta para o perdão parcial da dívida." Três anos atrás, os credores privados abriram mão de cerca de 100 bilhões de euros da dívida grega, incluindo bancos de propriedade do governo federal, ou seja, dos contribuintes na Alemanha. No caminho certo O pagamento dos juros que a Grécia deve sobre os cerca de 240 bilhões de euros em empréstimos, já foram, em grande parte, adiados. Os termos dos empréstimos estão em cerca de 30 anos, em média. Em Bruxelas, Schäuble e outros ministros das Finanças observaram que, no ano passado, a Grécia mais arrecadou do que gastou e que o crescimento econômico vem acelerando lentamente. De acordo com previsão do Fundo Monetário Internacional, até 2020, a dívida total da Grécia vai diminuir dos atuais 170% do PIB para 112%, se o país mantiver o curso atual. Segundo Schäuble, um corte ou um perdão da dívida grega, como exigiu o novo primeiro-ministro Alexis Tsipras durante a campanha eleitoral, não é necessário. "Aqueles que discutem a questão da reestruturação da dívida, mostram que, na verdade, não sabem do que estão falando. A Grécia está no caminho certo", disse. Austeridade imposta Schäuble considera equivocados os termos "austeridade imposta" e "ocupação financeira", ouvidos frequentemente em discussões sobre a Grécia e sobre os credores internacionais. "As causas não estão em Bruxelas ou em algum lugar fora da Grécia, mas no passado. Os responsáveis atuais não têm culpa disso", afirmou Schäuble. A Grécia foi mal administrada no passado e ainda paga um preço alto por isso, costumam afirmar políticos europeus conservadores. E agora, "o povo grego está sofrendo", reconheceu Schäuble. Em relação a eventuais reivindicações do novo governo grego em relação à UE ou à Alemanha, o ministro alemão se mostrou bastante despreocupado. "Diferentemente de 2010, os mercados financeiros confiam, e com toda a razão, na sustentabilidade da zona do euro. Não temos nenhum risco de contaminação e, portanto, ninguém deve acreditar que podermos ser pressionados tão facilmente." Aparentemente, o comentário de Schäuble foi uma resposta à ameaça de Tsipras de que seu governo "rasgará os contratos com a troika" e negociará novos termos. Autor: Bernd Riegert (md)Edição: Luisa Frey
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