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Milhares vão às ruas no Iêmen após renúncia do presidente

19:13 | 23/01/2015
Na capital Sanaa, simpatizantes da milícia xiita Houthi gritam "morte à América" e "vitória ao islã". Ativistas pró-governo também protestam e separatistas sulistas aproveitam caos no país para reivindicar independência. No dia seguinte às renúncias do presidente iemenita, Abd Rabbuh Mansur al-Hadi, e do primeiro-ministro, Khaled Bahah, milhares de pessoas protestaram por todo o Iêmen, nesta sexta-feira (23/01). Houve manifestações apoiando a milícia xiita Houthi, que ocupa a capital Sanaa, algumas apoiando o governo e outra exigindo a separação do sul do país. O presidente do Iêmen havia entregado a sua carta de renúncia nesta quinta-feira ao Parlamento. Al-Hadi é considerado um aliado dos EUA na luta contra a organização terrorista Al Qaeda, cuja célula mais forte se encontra atualmente no Iêmen. Ele e seu gabinete deixaram suas funções após terem sofrido nova pressão dos rebeldes que exigiam uma fatia maior do poder do governo. Em Sanaa, tomada pelos houthis durante uma ofensiva em setembro, aproximadamente 20 mil simpatizantes fecharam a avenida que leva ao aeroporto da cidade. Eles carregavam bandeiras verdes e cartazes com os dizeres "Morte à América (EUA), morte a Israel, maldição aos judeus e vitória ao islã" uma variação de um slogan popular iraniano, bastante cantado por xiitas no Iraque e adeptos do Hisbolá do Líbano. Enquanto isso, postos de controle continuam sendo vigiados por combatentes houthis com fuzis Kalashnikov e picapes com armas anti-aéreas mirando a capital. A milícia também seguia cercando a casa de Al-Hadi, mantendo o presidente numa espécie de prisão domiciliar. Rebeldes armados também continuavam cercando as residências de outros funcionários do governo. Também em Sanaa, assim como nas províncias de Taiz e Hodeida, o grupo contrário aos houthis, chamado Rafd (Rejeição), organizou manifestações em resposta ao que eles chamam de "golpe de Estado". "Os protestos de hoje são apenas o começo", disse um porta-voz do Rafd. "Os manifestantes são contra o golpe de Estado realizado pelos houthis. O Iêmen pertence a cada um de seu povo, e não apenas aos houthis." No sul, uma facção que se opõem à tomada de poder por parte dos xiitas aproveitou a oportunidade para pressionar pela independência. No protesto na cidade de Aden, a bandeira do ex-independente sul do Iêmen foi levantada no aeroporto e na sede da segurança local, relataram testemunhas. Semana de conflitos e cerco a membros do governo O governo do Iêmen está sob forte pressão desde setembro, quando a milícia xiita ocupou boa parte da capital, Sanaa. Nesta semana, em meio a uma nova ofensiva dos rebeldes, o palácio presidencial foi ocupado, e as residências do presidente e do primeiro-ministro, cercadas. Na quarta-feira à noite foi anunciado um acordo, em que os milicianos se comprometiam a desocupar o palácio presidencial, assim como encerrar o cerco à residência do presidente. Mas eles continuavam no palácio nesta quinta-feira. Os rebeldes xiitas também prometeram acabar com o cerco à residência do primeiro-ministro e, principalmente, libertar o chefe de gabinete do presidente, Ahmed Awad bin Mubarak, que raptaram no sábado. Mas Mubarak ainda não foi libertado, disse um funcionário da presidência. Em contrapartida, o projeto de Constituição, ao qual os houthis se opõem, seria alterado. Além disso, os houthis ganhariam mais cargos em instituições do Estado. PV/afp/dpa/ap/rtr/lusa
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