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Ao menos 15 civis mortos em bombardeios no leste da Ucrânia

08:51 | 24/01/2015
Pelo menos quinze civis morreram neste sábado em bombardeios com lançadores múltiplos de foguetes Grad em Mariupol, porto estratégico e última grande cidade do leste separatista pró-russo controlada por Kiev, anunciou o chefe da polícia regional.

A conquista desta cidade industrial de meio milhão de habitantes, localizada à beira do Mar de Azov, permitiria à Rússia e aos rebeldes pró-russos criar uma ponte terrestre para a Crimeia, península ucraniana anexada por Moscou em março.

Até o momento, Mariupol havia sido poupada dos combates no leste da Ucrânia, que se limitavam aos arredores da cidade. Este ataque sangrento em um bairro densamente povoado ocorre poucos dias depois de o exército ucraniano abandonar o aeroporto de Donetsk.

Em um balanço inicial, a polícia da região de Donetsk, leal a Kiev, evocou dez mortos. O exército ucraniano declarou, por sua vez, que trata-se de "disparos rebeldes com lançadores múltiplos de foguetes Grad, nos arredores de Mariupol" e que casas foram destruídas.

"Os rebeldes não têm necessidade de paz, eles executam as ordens do Kremlin para uma escalada da situação no Donbass", a região mineradora atormentada desde abril por uma rebelião armada pró-Rússia, acrescentou o Estado-Maior da operação ucraniana no leste em um comunicado.

O prefeito de Mariupol também indicou que um mercado foi atingido pelos tiros. "Todo mundo está em choque. O telefone celular não funciona e não conseguimos nos juntar a parentes que vivem nas áreas afetada", declarou por telefone à AFP Edward, um empresário de 32 anos.

"Os rebeldes tomaram o aeroporto de Donetsk e agora eles estão bombardeando Mariupol", continuou ele, referindo-se ao revés sofrido nesta semana pelo exército ucraniano, que precisou abandonar as ruínas do aeroporto de Donetsk após vários meses de combates.

O conflito na Ucrânia, iniciado em abril, tomou um novo rumo com este revés amargo para o exército ucraniano. A batalha pelo que resta deste grande aeroporto internacional foi comparada com a de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial.

Em fotos disponíveis em sites locais, é possível ver fogo e fumaça negra subindo acima de um bairro densamente povoado de Mariupol.

Embora o líder da autoproclamada república de Donetsk, Alexandre Zajarchenko, tenha prometido na sexta-feira conquistar toda a região de Donetsk, que inclui Mariupol, os rebeldes negaram neste sábado qualquer responsabilidade por esses bombardeios.

"Os combatentes não abriram fogo sobre Mariupol, e muito menos contra bairros habitados", indicou uma agência de notícias rebelde, citando um "comandante militar" dos separatistas.

Este responsável denunciou "uma provocação" por parte das forças de segurança de Kiev, observando que os rebeldes controlam a cidade costeira de Novoazovsk, situada 40 km a leste de Mariupol, mas que não haviam realizado uma ofensiva.

Após anexar sem combates em março a península da Crimeia, a Rússia é acusada por Kiev e os ocidentais de apoiar militarmente a rebelião separatista pró-russa no leste da Ucrânia, onde o conflito fez mais de 5.000 mortes em nove meses.

Atingido por pesadas sanções ocidentais por seu papel na crise, Moscou nega qualquer envolvimento na guerra. Neste contexto, as tentativas no final de dezembro e início de janeiro de reavivar o processo de paz através da organização de uma reunião entre Putin e Poroshenko, com a participação do presidente da França, François Hollande, e da chanceler alemã, Angela Merkel, fracassou com a retomada das hostilidades.

AFP
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