Cúpula do G20 estabelece metas para o crescimento econômico

10:55 | Nov. 16, 2014

Além do crescimento econômico e criação de empregos, cúpula do G20 foi marcada por encontros paralelos e por um presidente russo sob pressão do Ocidente. Putin partiu mais cedo e Dilma falou sobre escândalo de corrupção. Após dois dias de conversações, a cúpula que reuniu líderes das principais economias industrializadas e emergentes do mundo, na cidade australiana de Brisbane, chegou ao fim, neste domingo (16/11), ofuscada por preocupações em torno do conflito na Ucrânia. Em declaração final, os líderes do G20 disseram que a prioridade seria elevar os padrões de vida e criar empregos em todo o mundo por meio do crescimento. Em busca desse objetivo, os participantes da cúpula finalizaram um plano, delineado pelos ministros das Finanças no começo deste ano, para impulsionar a economia global. O plano especifica 800 novas medidas que devem ser implementadas nos países-membros, com o objetivo de elevar o crescimento em 2,1 pontos percentuais acima das previsões para 2018. As medidas incluem passos para aumentar o investimento, melhorar o comércio e infraestrutura, como também estabelecer um sistema fiscal justo em nível internacional. O comunicado afirmou ainda que os países do G20 pretendem quebrar as barreiras que impedem mulheres de unir-se à força de trabalho, numa tentativa de alcançar o objetivo de 100 milhões de novos empregos para mulheres até 2025. O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, anfitrião da cúpula, disse que o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho pode impulsionar o crescimento econômico em "bilhões, senão trilhões." Mudanças climáticas Embora as questões econômicas tenham sido prioridade da agenda, em Brisbane, os líderes mundiais discutiram uma série de outras questões, à margem da conferência. As mudanças climáticas foram uma delas. No sábado, os países do G20 declararam que apoiam uma "ação forte e eficiente" contra as mudanças climáticas e se comprometeram a trabalhar por um acordo "legal vinculativo" na Conferência do Clima da ONU, no próximo ano, em Paris. Além disso, os EUA e o Japão anunciaram contribuições de 4,5 bilhões de dólares para o Fundo Verde da ONU. Segundo diplomatas europeus, já foi um sucesso o fato de as mudanças climáticas terem sido incluídas na declaração final do encontro, apesar da resistência da Arábia Saudita e da Austrália. Recentemente, Camberra aboliu um imposto sobre emissões de carbono, atraindo críticas de ativistas do clima. Joe Hockey, secretário australiano do Tesouro, afirmou que o fórum adequado para discutir tais questões seriam as Nações Unidas, mas não o G20. Putin sob pressão Acima de tudo, o conflito na Ucrânia, marcado por lutas entre separatistas pró-Rússia e tropas do governo ucraniano desde abril, dominou a maior parte das discussões do encontro com um presidente russo sob forte pressão dos governos ocidentais, que o acusam de corresponsabilidade na crise. Putin também enfrentou maciça condenação internacional pela anexação da Península da Crimeia e devido à derrubada do avião de passageiros da Malaysia Airlines, em julho último, alegadamente por rebeldes pró-russos usando artilharia proveniente de Moscou. O presidente russo foi o primeiro a deixar o encontro, partindo antes que seus colegas de pasta do G20 anunciassem o seu plano econômico. Em coletiva de imprensa em Brisbane, Putin declarou que apesar de "diferentes pontos de vista", as conversas no encontro forma "completas, construtivas e bastante úteis." No sábado, Putin encontrou-se com líderes dos países dos Brics e, no período da noite, conversou por mais de três horas com a chanceler federal alemã, Angela Merkel. O teor da conversa não foi revelado oficialmente, mas tudo levar a crer que girou em torno da crise na Ucrânia. Dilma na Austrália Na Austrália, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, encontrou-se no sábado com o presidente americano, Barack Obama, com a chefe alemã de governo, Angela Merkel, e com o presidente da China, Xi Jinping. Além disso, à margem da cúpula do G20, os líderes do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) manifestaram vontade de acelerar a implementação de um Banco de Desenvolvimento comum, para ampliar a sua atuação econômica e financeira. Em sua primeira entrevista sobre a nova etapa da Operação Lava Jato, que investiga as acusações de corrupção na Petrobras, Dilma afirmou, antes do encerramento da cúpula do G20, que tais investigações podem "mudar o Brasil para sempre". No domingo, Dilma participou ainda de um almoço de trabalho antes de partir para Brasília. O próximo encontro de cúpula do G20 irá se realizar nos dias 15 e 16 de novembro de 2015, em Antalya, no sul da Turquia, país que assume agora a presidência rotativa do G20. CA/dpa/lusa/abr/rtr/afp