No horário eleitoral, Dilma e Aécio adotam discurso da mudança

05:24 | Out. 10, 2014

Tucano pede apoio dos que, no primeiro turno, votaram na não continuidade, enquanto petista promete segundo mandato com ideias novas. Em comparações entre governos PT e PSDB, candidatos dão destaque à economia. No horário eleitoral gratuito, que recomeçou nesta quinta-feira (09/10), ambos os candidatos à Presidência, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), tentaram convencer o eleitor de que representam a mudança. A petista repetiu o refrão do primeiro turno: "Governo novo, ideias novas". "Entendi o recado das ruas e das urnas. Os brasileiros e as brasileiras que me deram o voto disseram que a melhor forma de continuar mudando é acelerar e aperfeiçoar o que está em andamento e fazer um governo novo, com ideias novas", disse a presidente. Já Aécio deu ainda maior enfoque ao tema, refletido no próprio nome da coligação: "Muda Brasil". "Quero começar este segundo turno das eleições dando parabéns ao grande vitorioso do último domingo, que foi você. Quem venceu de verdade foi a imensa vontade de mudança do povo brasileiro. Milhões de brasileiros deixaram claro que não aceitam mais que o Brasil continue no caminho que está", disse. Nesse momento, o tucano fez também um convite aos eleitores da ex-candidata Marina Silva (PSB), que ainda não anunciou um eventual apoio a um dos candidatos do segundo turno. "Quem não votou em mim, mas votou na mudança, convido agora a vir com a gente", afirmou. Ataques mútuos Após os agradecimentos aos eleitores pelos votos, tanto Aécio quanto Dilma fizeram ataques ao projeto de governo adversário. O PT retomou a estratégia de desconstrução, usada contra Marina no primeiro turno. O partido defendeu que o projeto tucano seria um "retrocesso", em oposição ao programa petista, que seria o "futuro". Dilma disse que "não faz ataques pessoais ao adversário", mas criticou duramente o PSDB. "Ele [Aécio] representa o modelo que quebrou o país três vezes, abafou todos os escândalos de corrupção, privatizou o patrimônio público a preço de banana, causou desemprego altíssimo, arrocho salarial e recessão, se curvou ao FMI, esqueceu os mais pobres, não investiu nem na área social, nem na infraestrutura", afirmou. Dilma associou, então, os tucanos a uma "apatia, distância, insensibilidade e conformismo", afirmando que, como exemplo, eles mencionam frases de Fernando Henrique Cardoso, que representaria "o estilo tucano de encarar o Brasil". "Quando era presidente, ele [FHC] chegou a chamar os aposentados de vagabundos. Agora, ao comentar o primeiro turno desta eleição, ele disse literalmente: 'Não é porque são mais pobres que votam no PT, mas porque são menos informados'. Ou seja, para FHC, os 43 milhões de eleitores de Dilma são ignorantes", disse a propaganda. Dilma admitiu que a economia passa por "dificuldades momentâneas", mas segue a comparação com a administração FHC, destacando o que seriam os trunfos petistas. "Nos governos tucanos, o Brasil chegou a ser o segundo país do mundo com o maior número de pessoas desempregadas. Com o governo Dilma, temos as menores taxas de desemprego da nossa história e uma das menores do mundo." Num claro aceno ao mercado, Dilma reconheceu que é preciso fazer mudanças na economia: um controle da inflação com "mais firmeza", mas "sem desemprego, nem arrocho salarial". "Governo é o problema" A propaganda de Aécio tentou mostrar que o governo do PT "não funciona" e que os brasileiros não teriam mais "confiança no seu próprio futuro". "Quando o governo é o problema, a vida de todo mundo vira também problema. A educação, a saúde, a segurança, a inflação, tudo vira problema. Queremos de volta os bons valores que sempre tivemos", disse o candidato. Ele reforçou que a disputa no segundo turno será árdua. "A luta vai ser dura. Nossos adversários já mostraram que não têm limites quando o que está em jogo é o seu projeto de poder." A propaganda do PSDB comparou também os governos dos dois candidatos. "Dilma pegou um país que ia bem e que, quatro anos depois, está em recessão. Parado. Aécio pegou um estado que ia mal e que, dois anos depois, voltou a crescer." Em outro paralelo, a propaganda afirmou que Aécio teria cortado o número de secretarias e cargos políticos durante seu governo em Minas Gerais, enquanto Dilma havia ampliado a quantidade de ministérios. A comparação continuou: "Dilma diz que a culpa dos problemas do Brasil é do mundo. Aécio diz que a culpa é do governo. Dilma diz que é preciso continuar como está. Aécio diz que é preciso mudar. O que você prefere? Mudar com Aécio ou ficar com Dilma?". Alianças e governadores eleitos A propaganda de Dilma deu destaque às conquistas do partido no primeiro turno, com presença de governadores e senadores eleitos pelo PT e pela base aliada. O primeiro a aparecer foi o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel. "Tivemos uma importante vitória. Tivemos mais votos em Minas, território do adversário", disse a petista. Já a propaganda de Aécio valorizou os apoios dados à candidatura de Aécio, como os dos ex-candidatos Pastor Everaldo (PSC) e Eduardo Jorge (PV), bem como os dos partidos PPS e PSB. No caso do PSB, Aécio apareceu em vídeo dizendo que se sentia "emocionado". "Passo a ter a responsabilidade de, no limite das minhas forças, levar, pelo Brasil inteiro, o legado de Eduardo Campos." Por fim, a propaganda de Aécio também procurou apresentar o candidato ao eleitor, mostrando sua trajetória política e, principalmente, a relação com o avô, Tancredo Neves.