Joe Biden manifesta apoio às autoridades de Kiev ante ameaça separatista

Vice-presidente já havia se reunido com o presidente interino Olexander Turchynov e com o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk

08:02 | Abr. 22, 2014

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou nesta terça-feira, 22, às autoridades de Kiev o apoio de Washington ante a ameaça separatista no leste do país e também o respaldo às eleições presidenciais de 25 de maio.

"Vocês enfrentam problemas enormes, inclusive poderia dizer ameaças humilhantes", disse Biden a um grupo de parlamentares, incluindo alguns candidatos à presidência. O governo dos Estados Unidos "permanece ao lado da Ucrânia" para a eleição presidencial de 25 de maio, que pode ser "a mais importante da história da Ucrânia", completou.

Joe Biden já havia se reunido com o presidente interino Olexander Turchynov e com o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk.

Biden garantiu ao governo pró-Ocidente de Kiev que Washington está disposto a ajudar a economia ucraniana, que enfrenta uma profunda recessão. O objetivo da visita é estimular a aplicação do acordo de Genebra, assinado na última quinta-feira, 17, por Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia.

O acordo prevê, entre outros pontos, o desarmamento dos grupos grupos armados ilegais e a desocupação dos prédios tomados, tanto pelos ativistas pró-Ocidente em Kiev como pelos separatistas no leste.

Na segunda-feira à noite, no entanto, os separatistas mobilizaram homens armados com fuzis nos acessos à delegacia de Kramatorsk, cidade no meio do caminho entre seu reduto de Slaviansk e Donetsk, capital da autoproclamada "república". Washington acusa Moscou de manipular a rebelião separatista no leste e ameaça adotar novas sanções.

"É um caminho sem saída", respondeu nesta terça-feira o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev. "Mas se, mesmo assim, alguns de nossos sócios ocidentais decidirem por isto, não teremos outra opção que enfrentar com nossas próprias forças. E venceremos", completou. Antes do desembarque de Biden em Kiev, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler russo, Serguei Lavrov, trocaram acusações.

Kerry apelou à Rússia para que adote "medidas concretas" e pediu aos separatistas que "abandonem os edifícios ocupados ilegalmente". Lavrov respondeu que Washington deveria convencer Kiev a respeitar os compromissos e pressionar para "evitar que alguns exaltados provoquem um conflito sangrento".

O Departamento americano de Estado apresentou na segunda-feira imagens fornecidas por Kiev que provam, segundo Washington, que separatistas armados no leste da Ucrânia são, na verdade, militares e oficiais da inteligência russa.

Mas Viacheslav Ponomarev, o "prefeito" autoproclamado de Slaviansk, negou a acusação. No domingo, ele pediu o envio de tropas russas após um tiroteio e decretou um toque de recolher.

Em Lugansk, os separatistas nomearam na segunda-feira um "governador popular" e anunciaram um referendo para 11 de maio que deve decidir se a região permanecerá na Ucrânia ou proclamará a independência, antes de pedir uma eventual anexação à Rússia. A decisão recorda o que aconteceu na Crimeia, que foi incorporada à Rússia.

Nesta terça-feira as autoridades russas anunciaram a proibição, pelo período de cinco anos, da entrada na Crimeia do líder dos tártaros da região, Mustafa Djemilev. O dirigente tártaro boicotou o referendo organizado em março na Crimeia.

A decisão contra Djemilev foi divulgada um dia depois do presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado um decreto de reabilitação dos tártaros da Crimeia, povo que foi deportado por Stalin.

AFP