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Dilma usa Assembleia da ONU para atacar EUA por espionagem

12:53 | 24/09/2013
Presidente evita menção direta a americanos, mas usa grande parte de seu discurso para condenar e repudiar política de inteligência de Washington. A internet, afirmou, não pode ser "campo de batalha entre Estados". A presidente Dilma Rousseff criticou de forma rígida o programa de espionagem americano em discurso, nesta terça-feira (24/09), na abertura da 68ª Assembleia Geral da ONU em Nova York. Em sua intervenção, Dilma disse que o combate ao terrorismo alegação usada por Washington não serve como justificativa para espionar cidadãos de outros países. O discurso na ONU é realizado uma semana depois de a presidente cancelar a visita de Estado que faria a Washington em 23 de outubro, que agravou o mal-estar com o governo Barack Obama. Nesta terça-feira, Dilma falou em "violação dos direitos humanos" e destacou que não apenas cidadãos foram alvo da espionagem, mas também ela mesma, o corpo diplomático brasileiro e a Petrobras. "O Brasil sabe se proteger. Repudia, combate e não abriga terroristas", disse Dilma num discurso em que evitou referência nominal aos EUA. "Somos um país democrático rodeado de países democráticos. Sem respeito à soberania não pode haver relações adequadas entre os países." Obama se defende Em clara referência às atividades levadas a cabo pelos EUA, a presidente disse que uma soberania não pode se firmar em detrimento de outra: "Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos fundamentais dos cidadãos de outro país." Dilma abordou o assunto logo nos primeiros minutos de seu discurso e, em nenhum momento, escondeu sua indignação com as ações americanas. Ela pediu que a ONU desempenhe um papel de liderança no esforço de regular o comportamento dos EUA e disse que a internet não pode ser "um novo campo de batalha entre os Estados." Não podemos permitir que ações ilegais recorrentes sejam tidas como normais, frisou a presidente. Dilma foi seguida na tribuna por Obama, que fez referência breve e sem menção direta à questão da espionagem. "Nós começamos a rever a forma como organizamos a inteligência, de modo a alcançar um balanço adequado entre a preocupação do nossos cidadãos e nossos aliados", afirmou o presidente americano. Contra intervenção na Síria No discurso, a presidente Dilma voltou a se posicionar contra uma intervenção militar na Síria e criticou a disposição dos EUA e de seus aliados de agir sem o apoio do Conselho de Segurança da ONU. O abandono do multilateralismo é o prenúncio de guerras. Ela considerou, ainda, preocupante a polarização observada no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Dilma pediu, com urgência, uma reforma do organismo até 2015 com a inclusão de novos membros permanentes, o que, segundo ela, permitirá sanar o atual déficit de representatividade e legitimidade do conselho. Para a presidente, é preocupante a limitada representação do Conselho de Segurança da ONU face aos novos desafios do século 21. Exemplos disso, afirmou, são "a grande dificuldade" de oferecer solução para o conflito sírio e a "paralisia" no tratamento da questão entre israelenses e palestinos. A presidente aproveitou para falar sobre a onda de protestos que levou milhões de brasileiros às ruas, em junho do ano passado. Ela afirmou que o governo não reprimiu as manifestações, porque também veio das ruas. O Brasil realiza o discurso de abertura da reunião anual desde 1947, por ter sido um dos primeiros países-membros a se associarem às Nações Unidas, em 1945.

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