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Indícios de ataque químico na Síria voltam a pôr Obama contra a parede

11:14 | 23/08/2013
Um ano após estabelecer "linha vermelha" e em meio à nova denúncia de uso de gás sarin por Assad, presidente americano ainda resiste em se envolver no conflito sírio. Tema divide inteligência e diplomacia dos EUA. Em agosto do ano passado, o presidente Barack Obama declarou que o uso de armas químicas representaria a "linha vermelha" que, se ultrapassada, significaria o início de uma intervenção militar na Síria. E toda vez, como na quarta-feira (23/08), que o uso de tal armamento é denunciado, seu governo se vê pressionado dentro e fora dos Estados Unidos a tomar uma decisão. Um ano depois do limite imposto por Obama, no entanto, um consenso sobre a intervenção ainda parece distante. Segundo o New York Times, a cúpula do Pentágono, do Departamento de Estado e da inteligência americana se reuniu na quinta-feira na Casa Branca para discutir uma possível ação militar que poderia ser com mísseis de longo alcance ou com uma campanha aérea sustentada. Após quase quatro horas de discussões, não se chegou a um acordo. Em entrevista veiculada nesta sexta-feira pela CNN, Obama disse que os EUA ainda estão "coletando informações" sobre o suposto ataque com gás sarin na Síria, que, segundo os rebeldes, matou 1.300 pessoas. Ele deixou claro, por outro lado, que o incidente demanda "atenção americana". "A ideia de que os EUA podem, de alguma forma, resolver um problema sectário e complexo dentro da Síria é, às vezes, exagerada", disse Obama, que lembrou a intervenção militar no Afeganistão e os custos humanos que a entrada numa guerra implica. Custos da guerra O possível uso de armas químicas pelo ditador Bashar al-Assad renovou não só nos EUA o debate sobre uma intervenção militar. A França se declarou a favor do uso da força, enquanto Turquia e Israel, vizinhos da Síria, expressaram indignação e cobraram uma ação. No Ocidente, no entanto, há plena conciência de que um envolvimento na guerra síria não seria curto e que, por isso, deve ser avaliado com paciência. "O governo dos EUA não deseja ser envolvido em um conflito militar, sobretudo porque é muito difícil calcular os riscos com relação à vizinhança", opina Josef Janning, da Sociedade Alemã para Política Externa. Janning lembra também que uma intervenção militar na Síria pode provocar os xiitas no Irã, que apoiam Assad, e enventualmente envolver Israel, que tem histórico de longa data de hostilidades com o atual regime síriio. "Além disso, nos últimos dez anos, os americanos adquiriram experiência para saber que é quase impossível limitar uma ação como essas", explica o especialista. Pressão americana Para o deputado Omid Nouripour, integrante do grupo parlamentar sobre os Estados Unidos no Bundestag (câmara baixa), há outros motivos para a reticiência americana em dar um passo à frente e comandar uma possível intervenção na Síria. "Os EUA não querem entrar em uma guerra no momento. Eles estão cansados e, principalmente, não têm dinheiro para financiá-la", disse Nouripour à DW. O senador republicano John McCain, adversário de Obama nas eleições de 2008, acusou os democratas de se manterem passivos na questão síria. "Há um ano, o presidente disse que o uso de armas químicas na Síria marcaria a ultrapassagem de uma linha vermelha", disse McCain. "Mas, como essas ameaças não tiveram nenhuma consequência verdadeira, não tiveram eco. A matança continua. Assad se mantém no poder e segue, ao que parece, usando armas químicas contra civis." Nesta sexta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assegurou que a intervenção da ONU na crise da Síria é "uma questão de tempo". CN/ ap/ afp/ dw/ rtr

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