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Karadzic completa cinco anos na prisão

07:53 | 21/07/2013
No dia 21 de julho de 2008, era preso na Sérvia o criminoso de guerra Radovan Karadi, um dos homens mais procurados do mundo na época. Radovan Karadzic conseguiu escapar da Justiça internacional durante 12 anos. O mandado de prisão contra ele havia sido expedido pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPI), sediado em Haia, em julho de 1996. As acusações que pesavam contra ele eram de crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade durante a Guerra da Bósnia (1992-1995), na qual foi líder político dos sérvios bósnios. Ele foi especialmente acusado de ter sido o responsável pelo massacre de Srebrenica, em julho de 1995. Na época, soldados sérvios bósnios assassinaram milhares de pessoas, sobretudo homens e adolescentes muçulmanos. Entre 1992 e 1995, a Guerra da Bósnia-Herzegóvina deixou aproximadamente 100 mil mortos. Mais de dois milhões de pessoas foram expulsas de suas casas. Diversas cidades e muitos povoados foram incendiados ou totalmente destruídos. Já no início dos anos 1980, quando começaram os primeiros sinais da derrocada da Iugoslávia, Karadzic já surgia como um fanático nacionalista. Depois de ser eleito na Bósnia-Herzegóvina como primeiro presidente do então recém-fundado Partido Sérvio Democrático (SDS), Karadzic se tornou o primeiro presidente da República Sérvia da Bósnia-Herzegóvina, proclamada por ele mesmo em 1992. Suas aparições públicas se destacavam pela retórica agressiva e acalorada. No congresso de fundação de seu partido, ele já falava dos sérvios como "uma raça guerreira" e ameaçava "apagar" os muçulmanos da Bósnia-Herzegóvina. Com o apoio de seu mentor de Belgrado, o ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic, Karadzic organizou a guerra na Bósnia-Herzegóvina, anunciada por ele anteriormente. Como consta dos autos do tribunal em Haia, Karadzic participou intensamente da chamada  "limpeza étnica" dos bósnios muçulmanos. Sob sua liderança política, ocorreram mortes e violações sistemáticas nos territórios controlados pelos sérvios. Foram criados diversos campos de concentração para não sérvios e, durante três anos e meio, Sarajevo foi cercada e bombardeada. Ascensão e queda De fato, Karadzic nem vem da Bósnia-Herzegóvina. Nascido pouco depois da Segunda Guerra Mundial no vizinho Montenegro, mudou-se somente aos 15 anos de idade para Sarajevo, onde frequentou a escola e estudou Medicina. Mais tarde, passou um ano como bolsista da Universidade de Columbia em Nova York, para trabalhar depois como psiquiatra numa clínica de Sarajevo. E atuou até mesmo como psicólogo do time de futebol Barcelona. Ao mesmo tempo, Karadzic via-se como um poeta: antes da guerra, publicou quatro volumes de poesia. Pouco tempo depois da assinatura do acordo de paz para a Bósnia-Herzegóvina, assinado em dezembro de 1995, Karadzic foi forçado, por pressão internacional, a renunciar à presidência. E poucos meses depois da expedição por Haia, em julho de 1996, de um mandado de prisão, entrou na clandestinidade, tendo sido procurado durante anos, sem sucesso. Corriam boatos de que ele estivesse vivendo em mosteiros escondidos da Igreja Ortodoxa ou nas montanhas inacessíveis do triângulo entre Bósnia, Montenegro e Sérvia. Durante todo este tempo, o governo sérvio afirmava que não sabia onde Karadzic se encontrava. No dia 21 de julho, contudo, uma surpresa: a polícia sérvia o prendeu em Belgrado, onde estava vivendo sob a identidade falsa de Dragan David Dabic. Com aparência bastante modificada, trabalhou durante anos num consultório de medicina alternativa, sem qualquer incômodo, tendo também escrito artigos para uma revista especializada. Imediatamente depois de ser preso, Karadzic foi extraditado para Haia. Sem arrependimento No processo em que assumiu sua própria defesa, Karadzi, então com 68 anos, não demonstrou nenhuma espécie de arrependimento ou sinais de que poderia confessar sua culpa. Com relação ao massacre de Srebrenica, Karadzic se eximia de qualquer responsabilidade. Segundo suas próprias declarações, ele teria dado o comando de "proteção de civis e de troca dos soldados que tivessem sido presos". Para Karadzic, seu comparsa, o general Ratko Mladic, também acusado pelo Tribunal em Haia, tinha sido o único culpado pelas atrocidades. Ao mesmo tempo, Karadzic acentuou diversas vezes que a Guerra da Bósnia-Herzegóvina teria sido "uma luta contra a criação de um Estado muçulmano no centro da Europa". Afirmando acreditar que era uma vítima da "justiça dos vencedores", ele se colocava como "psiquiatra, poeta e homem da paz". Mas cinco anos depois de sua prisão e 18 anos após o massacre de Srebrenica, as acusações que pesam contra Karadzic foram, enfim, ampliadas consideravelmente. O ex-líder sérvio não precisa mais responder apenas pelo massacre de 1995, mas também por uma série de outros crimes em comunidades bósnias.

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