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AFP - Deputado e chefe de partido opositor é assassinado na Tunísia

16:20 | 25/07/2013
O chefe de um partido opositor tunisiano, o deputado Mohamed Brahmi, morreu assassinado nesta quinta-feira diante de sua residência em Túnis, informou a imprensa local.

Mohamed Brahmi, coordenador-geral do Movimento Popular e membro da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), foi assassinado com vários disparos no setor de Ariana, informou a tv nacional e a agência TAP.

O ataque provocou a ira dos tunisianos que comemoram hoje o 56º aniversário da República. Centenas de pessoas se reuniram no centro de Tunis para denunciar o assassinato, acusando o partido islamita no poder, o Ennahda.

O ministério do Interior confirmou tardiamente o assassinato.

"Brahmi foi assassinado a tiros no momento em que saia de sua casa", indicou o ministério em um comunicado, sem relatar as circunstâncias da morte.

O chefe do governo tunisiano, Ali Larayedh, denunciou o assassinado do opositor ao mesmo tempo em que criticou as manifestações e alertou contra a desobediência civil.

"Denuncio de maneira firme este crime odioso, que atinge toda a Tunísia e sua segurança", declarou à imprensa.

"Este drama não deve ser explorado para semear o caos", disse, antes de denunciar o fato "de poucos minutos após o anúncio da morte vozes se levantaram para incitar os tunisianos a se confrontarem".

Os Estados Unidos também condenaram "vigorosamente" o assassinato do deputado, evocando um ato "escandaloso e vil".

"Não se trata do primeiro assassinato político desde a revolução tunisiana, e não há justificativas para tais atos escandalosos e vis em uma Tunísia democrática", declarou Marie Harf, porta-voz do Departamento de Estado.

"Seu corpo foi crivado de balas em frente a sua casa e seus filhos", declarou, em meio às lágrimas, Mohsen Nabti, membro do gabinete político do Movimento Popular.

Segundo a televisão, Mohamed Brahmi foi atingido por onze balas disparadas por desconhecidos.

"Um militante da democracia foi assassinado a sangue frio hoje, o dia em que a Tunísia celebra a República", declarou à AFP o advogado Mabruk Korchid.

Mohamed Brahmi, de 58 anos, foi eleito deputado em Sidi Buzid, berço da revolução que derrubou o regime de Ben Ali em 2011.

Este homem muito crítico dos islamitas no poder renunciou em 7 de julho a seu posto de secretário-geral do Movimento Popular, movimento que ele fundou, declarando que sua formação havia sido infiltrada por islamitas.

Sua família acusa o partido islamita no poder de ser responsável pela morte. "Eu acuso o Ennahda, são eles que o mataram", declarou Chhiba Brahmi, irmã do deputado.

"Nossa família pressentia que Mohamed teria o mesmo destino de Bela¯d", acrescentou.

A presidência condenou em um comunicado "o horrível crime" e alertou os tunisianos contra "aqueles que querem levar o país para o inferno".

Centenas de tunisianos manifestaram no centro de Tunis e na província, principalmente em Sidi Buzid.

"A Tunísia é livre, Irmandade fora", gritavam os manifestantes em referência à ligação do Ennahda com a Irmandade Muçulmana egípcia.

"Ghannuchi assassino", "Ennahda deve cair", "Assembleia Constituinte deve ser dissolvida", gritaram.

Em Sidi Buzid, os manifestantes invadiram a prefeitura e incendiaram escritórios do edifício.
Na mesma região, em Menzel Buza¯ane, manifestantes saquearam a sede do partido islâmico.
No exterior, o presidente francês François Hollande condenou o assassinato.

A alta-comissária da ONU para os direitos Humanos, Navi Pillay, pediu "uma investigação rápida e transparente" sobre o crime.
O assassinato de Mohamed Brahmi acontece seis meses após a morte de Chokri Bela¯d, que foi atribuído a um grupo islâmico radical. Sua família também acusou o Ennahda, que negou qualquer envolvimento.

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