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Presidente sírio diz que renunciar agora seria fugir de "em meio à tempestade"

11:58 | 19/05/2013
Bashar al Assad declara ao jornal argentino "Clarín" que não usou armas químicas, e que países ocidentais "mentem e forjam" para provocar guerras. E mostra-se cético com a conferência internacional marcada para junho. Em entrevista ao jornal argentino Clarín, publicada neste domingo (19/05), o presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que não vai renunciar, apesar da guerra civil instalada há mais de dois anos no país. Quanto à sua permanência no cargo, cabe à população síria decidir: "É um assunto que depende da Constituição e das urnas. Nas eleições de 2014, o povo decidirá", afirmou. "É inadmissível que alguém diga que o presidente tem que deixar o governo porque os Estados Unidos querem, ou porque os terroristas pediram." Além disso, há outro aspecto que o impede de renunciar, ressaltou Assad: "O país está em crise e quando o barco se encontra no meio da tempestade, renunciar é fugir. Por isso o capitão não foge. A primeira coisa a ser feita é recolocar o barco no rumo correto, e então as coisas se decidem". Tropas leais ao governo e rebeldes armados enfrentam-se desde março de 2011 numa guerra que, segundo a ONU, já matou mais de 70 mil pessoas, deixou muitos milhares de feridos e espalhou refugiados pelos países vizinhos. Armas químicas Assad ainda voltou a negar que tenha usado armas químicas em áreas residenciais, conforme as recentes acusações da França, do Reino Unido e dos Estados Unidos. "O uso de armas químicas em áreas residenciais significa matar milhares, ou dezenas de milhares, em poucos minutos. Quem poderia ocultar tal coisa?", defendeu-se o presidente. No entanto, ele afirmou ao jornal argentino acreditar que a questão das armas químicas seja o prelúdio de uma guerra contra a Síria: "Não nos esquecemos do que aconteceu no Iraque. Onde estão as armas de destruição em massa de Saddam Hussein?". "O Ocidente mente e frauda para desencadear guerras, como de costume", concluiu o líder sírio. O presidente dos EUA, Barack Obama, tem declarado que o uso de armas químicas na Síria seria uma "linha vermelha", uma fronteira que, caso ultrapassada, justificaria uma ação norte-americana no conflito sírio. Segundo o secretário de Estado John Kerry, seu país dispõe de "provas concretas" do uso de armas químicas por parte do governo Assad. A subsecretária norte-americana de Estado para Relações Políticas, Wendy Sherman, declarou na última quarta-feira que armas químicas foram usadas "em pequenas quantidades" pelo menos duas vezes. Ceticismo sobre conferência de paz Grupos insurgentes e representantes de Damasco participarão de uma conferência internacional, planejada pelos Estados Unidos e a Rússia para o início de junho, a fim de debater uma saída política para a guerra na Síria. Os esforços pelo fim dos conflitos, no entanto, esbarram nas discussões sobre a entrega de armas por parte da Rússia, aliada de Assad, ao governo em Damasco. Na opinião de Washington, a entrega de armas é infeliz e pode prolongar o sofrimento do povo sírio. O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, também já se mostrou bastante cético em relação a eventuais resultados positivos do encontro. A França já se posicionou contra a participação do Irã, aliado da Síria, no encontro. Assad comentou ao Clarín: "Não acreditamos que muitos países ocidentais queiram efetivamente uma solução para o conflito na Síria". Além disso, haveria confusão no mundo "entre solução política e terrorismo". "Eles pensam que uma conferência política vai deter os terroristas no país. Isso não é realista." O líder sírio concluiu: "Não pode haver uma solução unilateral na Síria, são necessárias pelo menos duas partes". MSB/afp/dpa/rtr

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