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Paquistão vota em meio a atentados e clima de medo

09:52 | 11/05/2013
Ao despedir-se dos funcionários na quinta-feira, 9, o embaixador do Brasil no Paquistão, Alfredo Leoni, ouviu de Murad, o copeiro: "Reze para que voltemos vivos". Mais de 84 milhões de paquistaneses vão às urnas neste sábado, 11, em meio a um clima de medo, para fazer história. Será a primeira transferência de poder de um governo civil para outro - o que o Taleban tenta impedir. Pelo menos 127 pessoas morreram em um mês de campanha.

Às vésperas da votação, a violência levou o governo a decretar feriado nacional. Somente na sexta-feira, 10, dez pessoas morreram em ataques relacionados às eleições. No último mês, foram pelo menos 45 atentados contra comícios e reuniões de partidos, principalmente seculares, ou assassinatos seletivos, que tinham candidatos como alvo. O Exército reforçou a segurança nas ruas. Mais de 600 mil soldados e policiais estarão a postos nos 70 mil colégios eleitorais.

Em um comunicado distribuído a jornalistas na sexta-feira, o Tehrik-i-Taleban, o Taleban paquistanês, alerta a população a evitar as urnas "se não quiser perder a vida". "A democracia é um sistema não islâmico, um sistema de infiéis", diz a nota, assinada pelo porta-voz do grupo, Ehsanullah Ehsan.

"O clima é de muita tensão, mas os paquistaneses estão determinados a votar. Este é um momento histórico para o país, é a primeira vez que um governo civil consegue terminar o mandato", disse à reportagem o embaixador brasileiro. Em sua breve história desde a independência, em 1947, o Paquistão sofreu três golpes militares.

Primeiro-ministro por dois mandatos, deposto em um golpe pelo general Pervez Musharraf, em 1999, o líder da conservadora Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz, Nawaz Sharif, deve sair vencedor, mas não com votos suficientes para governar sozinho, acreditam analistas. O cenário mais provável é que Sharif forme um governo de coalizão com o Partido Popular do Paquistão, legenda da ex-premiê Benazir Bhutto e do presidente Asif Ali Zardari, que governou até o fim do mandato, em março - uma administração interina assumiu até as eleições. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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