PUBLICIDADE
Notícias

Oposição síria insiste em saída de Assad antes de acordo político

16:40 | 08/05/2013

BEIRUTE, 08 Mai 2013 (AFP) - A Coalizão Nacional Síria declarou nesta quarta-feira que qualquer solução política ao conflito deve começar com a saída do presidente Bashar al-Assad, rejeitando assim indiretamente o chamado de russos e americanos ao diálogo para colocar fim ao conflito.

"A Coalizão Nacional dá boas-vindas a todos os esforços internacionais que convoquem uma solução política para cumprir as aspirações do povo sírio e sua esperança de um Estado democrático, desde que eles comecem com a saída de Bashar al-Assad e de seu regime", declarou o grupo.

Esta reação desafia a iniciativa de Estados Unidos e Rússia, baseada no acordo de Genebra - concluído em 30 de junho de 2012 pelas grandes potências, mas nunca aplicado -, que prevê uma transição na Síria, sem se pronunciar sobre o destino do presidente Assad.

A oposição insiste há tempos no fato de que Assad deve deixar o poder antes de qualquer diálogo que tenha por objetivo uma solução política.

Pouco tempo antes, o emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, havia afirmado que o acordo entre Rússia e Estados Unidos para incentivar o diálogo entre o governo e os rebeldes era "um primeiro passo" e a "primeira notícia de esperança em muito tempo".

"É a primeira notícia promissora em muito tempo para um país infeliz. As declarações em Moscou constituem um primeiro passo considerável. No entanto, é apenas um primeiro passado", declarou Brahimi em um comunicado.

"Também é importante que o conjunto da região se mobilize para apoiar este processo".

O regime sírio, que afirma que o destino do chefe de Estado será decidido

durante as eleições presidenciais previstas para 2014, ainda não reagiu ao anúncio feito em Moscou.

Rússia e Estados Unidos chegaram a um acordo nesta terça-feira em Moscou para incentivar o regime sírio e os rebeldes a encontrar uma solução política ao conflito e a promover a realização de uma conferência internacional sobre a Síria.

O pedido de Moscou e Washington foi feito após uma visita à Rússia do secretário de Estado americano, John Kerry, que se reuniu com o presidente russo Vladimir Putin e com o chanceler russo Serguei Lavrov.

"Acreditamos que o comunicado de Genebra é o caminho a seguir para pôr fim ao derramamento de sangue na Síria", declarou Kerry após a reunião.

"Chegamos a um acordo de que Rússia e Estados Unidos devem pedir que o governo sírio e os grupos de oposição encontrem uma solução política" para o conflito, declarou por sua vez Serguei Lavrov.

Lavrov reafirmou que a saída de Assad --exigida pelos ocidentais-- não deve ser uma condição prévia para as negociações de paz, insistindo ao mesmo tempo que a Rússia não o estimula a permanecer no poder.

 

US$ 100 milhões de ajuda aos refugiados

 

Além disso, os Estados Unidos destinarão mais 100 milhões de dólares em ajuda humanitária aos refugiados sírios, indicou o Departamento americano de Estado.
O total de ajuda humanitária desbloqueado por Washington aos refugiados chegará, assim, a 510 milhões de dólares.

O valor declarado nesta quarta-feira, que será anunciado oficialmente na quinta-feira em Roma pelo secretário americano de Estado, John Kerry, ajudará as agências da ONU a fornecer alojamento e alimentos aos refugiados sírios na Jordânia, Líbano e Turquia, indicou o departamento de Estado em um comunicado.

O movimento de contestação pacífico contra o regime de Assad, que teve início em março de 2011, foi duramente reprimido e acabou por degenerar em uma guerra civil, na qual mais de 70.000 pessoas já morreram.

O conflito provocou o deslocamento de 4,25 milhões de pessoas dentro da Síria e de 1,4 milhão que se refugiaram em países vizinhos.

No terreno, além dos combates em várias frentes de batalha, a ONU prossegue com os esforços pela libertação de quatro capacetes azuis filipinos da Força de Observação Internacional nas Colinas de Golã (UNDOF, por sua sigla em inglês) capturados na terça-feira por um grupo armado.

Em uma publicação em sua página no Facebook, o grupo rebelde "Brigada dos Mártires de Yarmouk" reivindicou a autoria do sequestro, explicando que ocorreu pela própria segurança dos soldados, devido ao aumento das tensões na região.

O governo das Filipinas condenou o sequestro de seus militares, considerando ser "uma violação flagrante do direito internacional".

O mesmo grupo havia capturado em março 21 observadores filipinos que foram libertados três dias mais tarde.

Devido a este novo incidente, a ONU decidiu retirar nesta quarta-feira seus observadores de um posto nas Colinas de Golã.

"À luz da evolução da situação em termos de segurança, as forças de paz foram retiradas do local", declarou um porta-voz.

Na província de Aleppo, os rebeldes derrubaram um caça da aviação síria que "bombardeava um setor do aeroporto militar de Mennegh", indicou o OSDH.

Perto de Damasco, o líder do grupo jihadista Al-Nosra, que anunciou em janeiro fidelidade à Al-Qaeda, foi ferido em um bombardeio.

Abu Mohamed al Yaulani ficou ferido junto a outros membros do grupo no bombardeio registrado, segundo o OSDH, que não tinha no momento condições de informar sobre a gravidade do ferimento.

E pelo segundo dia consecutivo, a Síria permaneceu praticamente sem conexão com a internet.

A agência oficial Sana informou que as linhas telefônicas entre as diferentes províncias sírias também não funcionam desde terça-feira.

TAGS