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Começa em Paris o julgamento de apelação de Carlos, o Chacal

Os advogados de Carlos, Isabelle Coutant-Peyre e Francis Vuillemin, e os advogados estrangeiros do venezuelano não compareceram ao tribunal

07:36 | 13/05/2013
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O venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como Carlos, o Chacal, compareceu novamente nesta segunda-feira perante um tribunal de Paris por quatro atentados cometidos na França nos anos 1980 e surpreendeu ao se apresentar sem advogados para protestar pela falta de apoio das autoridades venezuelanas.

"Proibi meus advogados de aparecerem para me defender", declarou Carlos em francês no início da audiência no tribunal especial de apelação de Paris.

"Não é contra o tribunal. Não tenho nenhuma intenção de sabotar o processo", explicou Carlos, que considera uma "sabotagem" a recusa das autoridades venezuelanas de assumir os gastos de sua defesa no julgamento.

Por isso, pediu para que sejam designados defensores públicos para representá-lo e para o prosseguimento do processo. Assim, dois defensores públicos entrarão no caso quando ele for retomado, na tarde desta segunda-feira.

"Estes advogados não conhecerão o caso, mas eu o conheço. Isto enfraquecerá um pouco a defesa, mas vamos nos arrumar", disse.

No entanto, os advogados designados podem se recusar a defendê-lo, o que levaria a um adiamento do julgamento.

"Uma loira, uma morena?", sugeriu o acusado, provocando uma advertência do presidente do tribunal, que recomendou que ele evitasse provocações.

A advogada Isabelle Coutant-Peyre, com a qual Carlos se casou no religioso sem valor legal, deveria ter realizado a sua defesa, como faz há anos ao lado de Francis Vuillemin. Mas nenhum deles compareceu à abertura do processo.

Coutant-Peyre informou no domingo que está em Caracas para tentar discutir com as autoridades venezuelanas os "compromissos não cumpridos" em relação a Ilich Ramírez.

Ainda no fim de 2011, o presidente Hugo Chávez classificava Carlos de "herdeiro digno das grandes lutas" populares.

Nos anos 1970, Carlos se converteu em uma figura da luta armada pró-palestina e participou de diversas operações espetaculares, entre elas a tomada de reféns de 11 ministros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em Viena em dezembro de 1975.

O sucessor de Chávez, Nicolas Maduro, foi eleito em abril e o advogado Vuillemin denunciou à AFP antes do processo "o medo" de um "grupo de funcionários de alto escalão" venezuelanos de que Carlos volte um dia ao país.

Carlos, de 63 anos, comparece sozinho perante o tribunal especial de apelação de Paris, composto por magistrados profissionais especializados em julgamentos por "atos de terrorismo". Se não for adiado, o julgamento deve se estender até o dia 26 de junho.

Carlos está preso na França desde sua detenção no Sudão em agosto de 1994.

Declarado culpado em 1997 após um primeiro julgamento pelo assassinato em Paris de três homens, entre eles dois policiais, o venezuelano já foi condenado definitivamente à prisão perpétua.

AFP

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