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Letta defende união política em uma Europa abalada pela recessão e pelo desemprego

"Do projeto europeu de 20 anos atrás se fez apenas uma coisa: a moeda única. E se só existe a moeda única, o restante do mecanismo (europeu) não dá respostas às expectativas dos cidadãos", disse Letta

17:46 | 30/04/2013

ROMA, 30 Abr 2013 (AFP) - O chefe de governo italiano, Enrico Letta, afirmou que a Europa "não pode estar unida apenas por uma moeda", antes de viajar à Alemanha, principal economia da zona da euro e férrea partidária da austeridade, para defender políticas que dinamizem o bloco, atingido pela recessão e um desemprego crescente.

"Do projeto europeu de 20 anos atrás se fez apenas uma coisa: a moeda única. E se só existe a moeda única, o restante do mecanismo (europeu) não dá respostas às expectativas dos cidadãos", disse Letta.

"Ou temos um destino comum ou nos encontraremos na situação dos países que caminham individualmente para a queda", acrescentou.

Sua primeira visita ao exterior será "uma primeira e delicada missão para fazer os principais interlocutores europeus entenderem que a Itália confirma seus compromissos com a UE, mas também precisa de uma margem de autonomia maior para deter a recessão e lançar as bases da recuperação", afirma o jornal La Stampa em um editorial.

Letta, que denunciou que a "Itália está morrendo de austeridade", se reúne com Merkel um dia depois de anunciar sua aposta inequívoca em políticas que incentivem o crescimento e criem emprego, se juntando, assim, aos países do sul da Europa, os mais afetados pela crise, que há tempos pedem à Alemanha uma mudança nas rigorosas políticas de cortes, para que o crescimento e o emprego sejam estimulados.

O encontro acontece no mesmo dia em que Bruxelas anunciou o aumento do desemprego na zona do euro, que superou 12% em março, 1% a mais que em março de 2012.

O crescente desemprego não afeta apenas três dos países que se beneficiam da

ajuda financeira internacional em troca de cortes - Grécia (27,2%), Espanha (26,7%) e Portugal (17,5%) -, mas nos últimos meses, também subiu na França e em Luxemburgo, Holanda e Áustria.

A este preocupante dado é preciso acrescentar o dos preços ao consumidor, que há três meses sobem cada vez a um ritmo menor (1,2% em abril) e se afastam cada vez mais dos 2% recomendados por Bruxelas, em mais uma prova de que o consumo se contrai.

O desemprego provavelmente continuará aumentando e "pode alcançar cerca de 12,5% no final do ano", segundo Howard Archer, economista de IHS, em Londres.

Este dado e a desaceleração da inflação na zona do euro" fizeram aumentar as pressões para que o Banco Central Europeu ponha em prática uma política mais complacente" e decida reduzir as taxas de juros em sua reunião de quinta-feira, acrescenta Jennifer McKeown, da Capitals Economics.

Desemprego, inflação e mais recessão: o PIB espanhol se contraiu 0,5% no primeiro trimestre do ano, prolongando uma segunda recessão desde o final de 2011. Para este ano se espera cerca de -1,3%. Diante deste panorama, Bruxelas cedeu e teve que dar à Espanha mais dois anos para cumprir seu objetivo de corte do déficit.

A política de austeridade defendida pela Alemanha despertou também as críticas da vizinha França, de parte do partido socialista no poder. Nesta terça-feira o ministro de Assuntos Europeus, Thierry Repentin, comemorou que os planos do novo governo italiano apontam "sobre a política de recuperação, François Hollande está menos isolado hoje" na UE.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, se defendeu nesta segunda-feira das críticas alegando que seu país também teve um "déficit muito alto" que superaram "com êxito".

"Sabemos que devemos isso à estabilidade da zona do euro" e "não acreditamos que fosse um conselho adequado pedir a outros que resolvam nossos problemas", disse, em relação aos pedidos dos países mais afetados pela crise de que a Alemanha defenda políticas de estímulo do crescimento e emprego.

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