Fortaleza é citada como destino associado ao turismo sexual em arquivo do caso Epstein

Além da capital cearense, Rio de Janeiro também aparece nos arquivos assim como cidades da Europa e da Ásia; Entenda a citação no caso

19:42 | Dez. 21, 2025

Por: Arthur Albano
Mesmo com sua morte em 2019, Jeffrey Epstein continua a movimentar o cenário da política internacional com a divulgação dos arquivos relacionados as acusações de abuso e exploração sexual (foto: Reprodução/Wikimedia)

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos publicou uma parte dos arquivos relacionados ao caso de abuso e exploração sexual de Jeffrey Epstein nesta sexta-feira, 19. Entre os documentos tornados públicos, está um arquivo produzido pelo JPMorgan Chase em que aparecem citações às capitais brasileiras Fortaleza e Rio de Janeiro como referências sobre tráfico de pessoas.

As duas capitais são citadas como exemplos de cidades que adquiriram reputação internacional como destinos associados ao turismo sexual, com Amsterdã (Holanda), Bangkok e Phuket (Tailândia), Tijuana (México) e Angeles City (Filipinas).

O arquivo de 16 páginas, datado de agosto de 2008, está na biblioteca de arquivos do caso Epstein sob o nome “238-19.pdf - Governo das Ilhas Virgens dos Estados Unidos v. JPMorgan Chase Bank, N.A, No.1:22-cv-10904 (S.D.N.Y 2022)”. O material pode ser lido na íntegra e online no site do Departamento de Justiça dos Estados Unidos na seção “Epstein Library”.

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O Brasil é citado no tópico “Sex Tourism” ao lado de países como Tailândia, Sri Lanka, República Dominicana, Costa Rica, Cuba e Quênia. A seguir, leia o trecho em que Fortaleza é citada:

“Muitas delas coincidem com importantes zonas de prostituição, como Amsterdã, na Holanda; Zona Norte, em Tijuana, México; Boys Town, em Nuevo Laredo, México; Fortaleza e Rio de Janeiro, no Brasil; Bangkok, Pattaya e Phuket, na Tailândia; Vladivostok, no Extremo Oriente Russo, destino de turistas sexuais asiáticos; e Angeles City, local de uma antiga base militar dos Estados Unidos na província de Pampanga, Filipinas. Em alguns países, incluindo Fiji e Cuba, indivíduos que trabalham em hotéis e casas noturnas, bem como membros da família, atuam como facilitadores do turismo sexual”

A citação acontece em um contexto global, em um capítulo que descreve o turismo sexual internacional como uma das ramificações da exploração sexual associada ao tráfico de pessoas. Entretanto, o arquivo não trata de investigações específicas no Brasil e nem aponta crimes diretamente ligados às duas cidades.

Além disso, o documento ressalta cidades com grande fluxo de turistas que podem se tornar polos de exploração sexual devido à desigualdade social e vulnerabilidade econômica.

Caso Epstein: de onde surgiu o documento que cita Fortaleza?

O material que cita a capital do Ceará foi elaborado pela área de combate à lavagem de dinheiro do JPMorgan Chase, um dos principais conglomerados financeiros dos Estados Unidos. O documento em questão tem caráter referencial e institucional, servindo como base para uma análise de risco e prevenção a crimes financeiros relacionados ao tráfico humano.

Nele, não há nenhum aprofundamento em casos concretos, operações policiais ou indivíduos ligados às cidades citadas. Isso se deve à abordagem macro e comparativa que reúne dados de organismos internacionais como ONU, OIT, Unicef, BBC e o Departamento de Estado dos EUA para mapear padrões globais de exploração humana.

O documento descreve o turismo sexual como viagens organizadas visando exploração sexual comercial, prática esta combatida pelos organismos internacionais citados que estudam os impactos sociais, econômicos e de direitos humanos que este tipo de crime causa. Entre as principais vítimas mencionadas no arquivo, estão crianças e adolescentes de regiões marcadas pela pobreza e desigualdade.

Caso Epstein: entenda as acusações e condenações do empresário

Jeffrey Epstein era um magnata e criminoso sexual condenado que morreu na prisão em agosto de 2019, um mês depois da acusação por tráfico. Os crimes, as conexões de alto nível e a conclusão oficial de suicídio na cadeia tornaram o caso um ímã para teorias da conspiração e investigadores amadores em busca de provas de suposto encobrimento.

O empresário deixou para trás uma trilha de escândalos ligados a uma rede de menores de idade abusadas sexualmente por ele e alguns de seus convidados, em muitos casos personalidades internacionais.

A parceira dele, Ghislaine Maxwell, cumpre uma pena de 20 anos de prisão pelo mesmo crime. Epstein, com Maxwell como recrutadora, levava menores de idade para suas residências.