No multiverso do Natal, a Cidade da Criança vira ponto de encontro

O espaço, no Centro de Fortaleza, encerra a sua programação natalina neste domingo, 21, com apresentações e visitas à Casa do Papai Noel

21:22 | Dez. 21, 2025

Por: Penélope Menezes
Cidade da Criança celebra último final de semana antes do Natal neste domingo,21 (foto: Daniel Galber/Especial para O POVO)

É Priscylla Mesquita, diretora-geral da Liga do Natal, que oferece (sem perceber) o título de presente. O seu multiverso natalino, com raízes cearenses e cariocas, é refletido no espetáculo teatral que encerra neste domingo, 21, a programação especial na Cidade da Criança, no Centro de Fortaleza.

No final de semana que precede a chegada do “bom velhinho”, as atrações voltadas ao público infantil incluem a apresentação de “Uma Aventura no Ceará”. Escrita pelo humorista Moisés Loureiro, em parceria com Thiago Andrade e Flávia Muluc, a fábula natalina se adapta ao imaginário cearense — é assim que os adultos vêem as crianças aplaudindo um Noel bodegueiro e sua trupe regional.

“O Papai Noel é o dono de uma bodega no ‘Pirulito’, na divisa do Pirambu com o Carlito (Pamplona). É o nosso multiverso do Natal, porque continuamos no Rio e esse ano a gente fez lá em paralelo ao daqui. E aqui construímos uma outra história, então a gente brinca nesse multiverso”, explica a diretora-geral.

O projeto, intitulado Liga do Natal, completa uma década de atuação e, com o objetivo de reinventar a tradição natalina, já circulou por mais de 35 municípios brasileiros. Agora, apresentando-se 10 anos depois em uma praça pública, Priscylla confessa estar vivendo a magia da data na realidade: “Está sendo um grande presente”.

A praça que abraçou a Liga e seu “bom velhinho” cearense foi revitalizada há três meses. A empreitada, que parece ter recebido a aprovação dos fortalezenses, culminou em um espaço lotado no domingo, com grupos espalhados entre os brinquedos, assistindo ao espetáculo e, em sua maioria, aguardando na fila da Casa do Papai Noel.

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No multiverso do Natal, o Noel bodegueiro convive com o velhinho do Polo Norte

Desde a solenidade de abertura, na noite de 5 de dezembro, o Papai Noel abre as portas de uma estrutura carmesim, com detalhes esverdeados, na entrada da "Cidade Encantada da Criança". A moradia, decorada ao gosto do cidadão do Polo Norte, recepciona os pais e as crianças.

“A gente veio ontem, mas não conseguiu tirar foto. Hoje fomos os primeiros da fila para registrar a foto com o Papai Noel e as coisas do Natal. Como ela tem três aninhos, é o primeiro ano que entende mais”, explica o servidor público Neto Oliveira, 38, que acompanha a filha, Ana Mara.

A sugestão de visitar a casa natalina veio da esposa, que trabalha na programação do parque como intérprete de Libras. No dia anterior, a diversão foi centrada no pula-pula e nos “brinquedos de descer”, como o escorrega.

“É um espaço muito bom mesmo, que eu não conhecia. Quando a Isabele (a esposa) falou de vir para cá no domingo, eu disse: ‘mas domingo no Centro?’. Imaginei que fosse um lugar mais esquisito, mas é ótimo, tenho percebido que é totalmente o contrário. Vou voltar mais vezes, com certeza”, ressaltou Neto.

Fazendo jus ao nome, na Cidade da Criança são os pequenos que lideram, guiando os adultos. Ao menos, essa seria a impressão do visitante que decidisse conversar com Noah Chaves, de 11 anos, ao lado da tia, a fotógrafa Danielle Chaves, 40.

“Eu visitei aqui quando tinha 4 anos”, relembra Noah ao ser questionado se já conhecia o local. “Eu me lembro do lago e da ponte, só que não me lembrava que tinha muitos parques, mudou muita coisa. Eu gostei dos brinquedos”.

A visita, diz Danielle, foi o momento ideal para mostrar ao sobrinho as programações culturais na Capital, além da criação de memórias afetivas com o pequeno em um espaço “divertido e seguro”.

No multiverso do Natal, três gerações celebram a Cidade da Criança

“Nós temos muitas pessoas que chegam aqui e que já visitaram, que tiveram encontros afetivos”, afirma a coordenadora-geral da Cidade da Criança, Socorro Timbó.

Uma das pessoas é Maria José Silva Bezerra, de 86 anos, que transformou a Cidade da Criança em um ponto de encontro para as três gerações de sua família. A filha, Maria Adriana Silva, 55, relembra com carinho a infância de visitas ao parque, e confirma que transformou a memória em tradição, perpetuada pelo neto de Maria José, o ator e produtor Lucas Nardi, 25.

“Desde pequena ela trouxe a gente para cá. No dia das crianças, no Natal… Sempre. Isso aqui é ela viver novamente e a gente reviver. E hoje também o meu filho ia se apresentar”, diz Maria Adriana.

Para Nardi, a conexão trigeracional é motivo de orgulho. Se depender da família, a tradição continuará se revitalizando, como a própria Cidade da Criança, a cada nova geração.

“A nossa avó sempre passou pros filhos essa relação com a nossa cidade, com a nossa cultura, com as nossas programações. Somos de Fortaleza, a gente tem que consumir mais nossos espaços para que possamos aproveitar tudo isso que é nosso”, aponta o neto. “E ela passou isso pra minha mãe, minha mãe passou para mim e a gente vai levando adiante esse legado”.

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