Dia Mundial da Gentileza: fazer o bem é inerente ao ser humano
Os seres humanos têm o potencial latente para fazer o bem. E com isso, as pessoas gentis são tão beneficiadas quanto as que recebem uma gentileza. Praticar atos gentis gera um aumento do bem-estar emocional e físico
10:46 | Nov. 13, 2021
Mesmo que sejam pequenos gestos como um sorriso, um bom dia ou um agradecimento, atos gentis podem mudar o dia de alguém. E foi com o objetivo de incentivar a gentileza, empatia e sensibilidade entre as pessoas que surgiu o Dia Mundial da Gentileza. Celebrada neste dia 13 de novembro, a data foi criada pelo World Kindness Movement (Movimento Mundial da Gentileza, em tradução livre), durante conferência realizada em Tóquio, no ano de 1996.
De acordo com a neuropsicóloga e professora do Curso de Psicologia do Centro Universitário Christus (Unichristus), Luciane Ponte, a gentileza está relacionada à capacidade dos seres humanos de serem amáveis, bondosos, de promoverem acolhimento e bem-estar por meio de ações que tenham como objetivo maior beneficiar aos outros pelo simples gesto e prazer de fazê-las.
A gentileza é algo que pode melhorar as relações, segundo a neuropsicóloga. "Nós somos seres essencialmente sociais, então quando trazemos a gentileza para as relações, isso faz com que o ambiente seja acolhedor, respeitoso e sem preconceito. Consequentemente isso gera bem-estar emocional e físico", afirma.
São inúmeros os benefícios de ser gentil. "É melhor e mais barato que antidepressivos, e só depende de nós, da nossa boa vontade", afirma a psicóloga. Conforme uma gama de pesquisas na área, os principais benefícios da gentileza são a melhora da sensação de felicidade e dos sintomas de depressão, gera motivação, energia e pode diminuir o estado de ansiedade, de estresse e de transtornos como fobia social", explica.
Melhoras na saúde física também estão relacionadas com atos de gentileza. Eles promovem uma melhora do funcionamento cardíaco, diminuem quadros de hipertensão arterial, dores e até mesmo aumentam a expectativa de vida, como apontam estudos, segundo Luciane.
Para quem recebe uma gentileza, os efeitos também são positivos. “Gera uma melhora no humor dessas pessoas, estimula e motiva, além de ter um efeito multiplicador. É inerente à nossa natureza fazer o bem. Nós temos esse potencial latente. Então, quando alguém é alvo dessa gentileza, há uma tendência natural de reproduzir esses comportamentos de acolhimento”, afirma.
Gentileza gera gentileza
Para o influenciador digital Carlos Diego da Silva, 33, essa vontade de ajudar as pessoas sempre fez parte da sua vida. Por muito tempo esteve engajado em missões da igreja da qual participava. Quando veio o sucesso por meio da internet, ele uniu o “útil ao agradável”. “Eu sempre gostei de ouvir relatos das pessoas, do que elas estavam precisando. Então eu usei essa plataforma para conseguir ajudá-las de alguma forma”, conta.
Com cerca de 160 mil seguidores em seu perfil no instagram, Diego Tripinha, como é conhecido, realiza uma distribuição de marmitas quinzenal para pessoas em situação de rua, fruto de uma parceria que conseguiu por meio do seu trabalho na internet. Antes mesmo disso, Diego já compartilhava os seus “recebidos”. “Um dia começou a chegar coisas aqui em casa, de diferentes estabelecimentos e como só moramos eu, Mainha (avó) e minha mãe, eu dividia com meus vizinhos e com pessoas em situação de rua. Para mim seria muito ganancioso não dividir”, disse.
Além disso, um dos mais recentes atos de gentileza do influenciador foi a campanha que realizou para arrecadar fundos para comprar uma cadeira de rodas para o pequeno Dudu. Carlos Eduardo Uchôa Carvalho perdeu os movimentos das pernas com 1 ano e 7 meses e nunca recebeu um diagnóstico da causa da sua paralisia. O garoto já havia tido uma cadeira de rodas, mas tinha o sonho de ter um modelo motorizado. E esse sonho foi realizado após a campanha de Diego em suas redes sociais.
Segundo o influenciador, a sensação de poder ajudar as pessoas é surreal e sempre esteve em seus planos. “Antigamente, quando eu ia para o sertão levando poucos alimentos já pensava que aquilo um dia seria grande. E é isso que estou fazendo acontecer. Fico emocionado de poder fazer isso. Ver o sorriso dessas pessoas não tem preço. É uma sensação de dever cumprido, gratidão”, relata.
Para além dos grandes gestos, a gentileza também pode estar presente no cotidiano. É assim que a professora de Jornalismo, Ana Márcia Diógenes leva seus dias. Por meio do perfil “Felicitâncias” no Instagram, a docente compartilha mensagens de alegria, positividade e palavras de gentileza. O projeto pessoal surgiu do seu livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza. Ana é conhecida e querida por seus alunos por seu comportamento alegre, motivador e, acima de tudo, gentil.
Em tempos tão difíceis, se faz ainda mais necessário manter a gentileza, segundo Ana. “É nesses momentos que a gente percebe que precisamos ter mais equilíbrio emocional. Está difícil para todo mundo. Entrar nessa vibração negativa não ajuda nem a mim nem a ninguém. Todos estão enfrentando alguma dificuldade e se eu puder enxergar um pouco ‘fora da água’, como se diz, eu posso salvar as pessoas e a mim. Então, quanto mais gentil eu for, terei no meu entorno mais sentimentos positivos”, afirma.
O hábito de ser gentil é como uma corrente que pode surgir a partir da disposição ser mais flexível, a entender o outro, a estar no lugar dele, explica Ana. “O melhor momento para ser gentil é no dia a dia. Um bom dia, boa tarde, boa noite, um pedido de desculpas, um por favor. Ser um pouco menos competitivo, não fazer questão de ter a última palavra. São coisas que melhoramos em nós mesmos e recebemos o retorno, porque acabamos tendo mais pessoas dispostas a serem gentis conosco”, explica.
Pessoas positivas e gentis também têm dias ruins, ressalta a docente. “No entanto, são indivíduos que buscam sair dessa situação negativa e caminhar para a sua melhoria. Todos estão em uma caminhada pela vida, saúde, liberdade e democracia. Se a gente se coloca no lugar do outro, podemos ter mais pessoas nessa mesma caminhada. É necessário aceitar que existem os dias em que alguém pode estar sem rumo e nesses dias, a gentileza e a empatia são o que nos possibilita viver melhor”, finaliza.