Justiça aceita denúncia do MP contra guru espiritual, mas nega prisão

Ministério Público vai recorrer da negativa. Pedro Ícaro de Medeiros é acusado de crimes sexuais, charlatanismo e curandeirismo

16:34 | Jul. 29, 2020

A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado (MPCE) contra Pedro Ícaro de Medeiros, guru espiritual da comunidade Afago. Ele foi acusado de violação sexual mediante fraude, crime sexual para controlar o comportamento social ou sexual da vítima, charlatanismo e curandeirismo.

O juízo da 15ª Vara Criminal de Fortaleza, porém, não aceitou o pedido de prisão preventiva feito pelo MPCE. O órgão ministerial afirmou que irá recorrer da decisão. Pedro Ícaro havia sido denunciado na última sexta-feira, 24, após conclusão de inquérito da Polícia Civil. O 26º Distrito Policial segue com o trabalho investigativo para apurar denúncias de crimes sexuais, estelionato, lesão corporal e curandeirismo, informou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Até a última segunda-feira, 27, 18 pessoas haviam sido ouvidas pela Polícia.

As denúncias contra ele vieram à tona em maio, com um perfil em uma rede social que reunia relatos de abusos sexuais, psicológicos e físicos. 

"Lá dentro existe um discipulado, onde ele é o 'mestre', nesse grupo a manipulação toma uma proporção e uma influência muito direta, (ele) dita com quem você deve se relacionar, para que 'você evolua', dita o que deve parar ou começar a fazer, isso vai de comida a relações sexuais", diz um dos relatos. "(Ele) começava com uma massagem em todo o corpo e em tal momento estava pegando nas minhas genitais e passando para outra coisa que não tem nada a ver com tantra. Na hr (hora) até pensei q fazia parte acabei não fazendo nenhuma restrição. A terapia acabava com, o q hj (hoje) vejo, um abuso sexual. Depois quando a fica (ficha) caiu e vi que tinha sido abusado, me senti tão sujo, fraco, covarde, adjetivos não faltam", diz outro.

Outro lado

A defesa de Pedro Ícaro se diz "aliviada" por a denúncia ter afastado crimes mais graves, como o estupro, assim como ter nagado o pedido de prisão. Para o advogado Klaus Borges, no decorrer do processo vai ser provado que as relações sexuais ocorreram de maneira consensual. Ele cita haver mensagens e vídeos que comprovariam isso. Para ele, as denúncias ocorreram em um contexto de "ciúmes" e "inveja" motivados por disputas na hierarquia do grupo.