Ceará tem maior escalada de violência no Brasil nos primeiros cinco meses de 2020

As informações são do Monitor da Violência, divulgado pelo G1 nesta quarta-feira, 22

12:29 | Jul. 22, 2020

Atualizada às 13h30min

O Ceará registrou 1.879 homicídios entre janeiro e fevereiro deste ano. O número é o dobro do total de vítimas em relação ao mesmo período de 2019, quando foram registradas 938 mortes violentas. Com 450 assassinatos, o mês de fevereiro foi o mais violento do Estado desde 2013, com 312 ocorrências entre os 13 dias do motim da Polícia Militar. Os números do Estado demonstram o maior aumento no Brasil nos primeiros meses de 2020.

As informações são do Monitor da Violência, divulgado pelo G1 nesta quarta-feira, 22, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP). Segundo o relatório, a média de mortes é de 26 por dia. Em 2019, a média era de 8 mortes por dia.

Plataforma aponta ainda que entre janeiro de maio deste ano, a alta no número de assassinatos no País foi de 7% em relação ao mesmo período de 2019. Enquanto a maio, houve queda de 0,3%. Foram 19.382 homicídios nos primeiros cinco meses deste ano, perante 18.120 mortes violentas no mesmo período do ano passado. Só em maio foram 3.529 casos registrados. Em maio do ano passado foram registrados 3.540 homicídios.

Ao todo, o País tem 18 estados com alta de homicídios entre janeiro e maio, enquanto apenas outro sete estados e o Distrito Federal registraram queda de mortes violentas no mesmo espaço de tempo. Na Bahia, 413 pessoas foram mortas de forma violenta em maio último. O Ceará é o segundo Estado com mais mortes em maio: 365 casos. Em Pernambuco, foram 350 ocorrências. Já o Rio de Janeiro registrou 279 casos e 253 em São Paulo.  

Dianto do alto número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que, só neste ano, 7.464 prisões e apreensões qualificadas em flagrante foram realizadas no Estado. De acordo com a pasta, as ações policiais englobam capturas por CVLI, tráfico de drogas, roubo, porte, posse e comércio de armas de fogo no Estado.

A SSPDS destaca ainda que foi um período de "desarticulação desses grupos criminosos por meio do trabalho de inteligência e investigação policial". Incluindo a prisão de Francisco Cilas de Moura Araújo, o ‘Mago’, no dia 7 de julho, no Piauí, e três dias depois a captura de Walisson César Marinho Borges, o ‘Guabiru’, em Caucaia. Ambos suspeitos de integrar facção criminosa.

Contrastando a alta de homicídios, a SSPDS aponta que Ceará e Fortaleza apresentaram reduções de CVLI em relação aos primeiros seis meses de 2017 e 2018. "Na Capital, a redução de 2020 em comparação a 2017 e 2018 foi de 19,3% e 7,5%, respectivamente. Indo de 894 (2017) e 780 (2018) para 721 (2020). No Ceará, a redução de 2020 em comparação a 2017 e 2018 foi de 2,4% e 5,7%, respectivamente. Indo de 2.299 (2017) e 2.380 (2018) para 2.244 (2020)", lista.

Reorganização das estratégias

Ainda conforme a pasta, a SSPDS trabalha para "reorganizar suas estratégias de combate à criminalidade" impactada pelo motim dos policiais militares no início deste ano. Com a ação dos amotinados, o policiamento ostensivo diminuiu e a rixa entre grupos criminosos foi acirrada. A Secretaria reconhece que isso incidiu no aumento de CVLI nesse período. A pandemia de Covid-19 também colaborou para a diminuição de profissionais de segurança nas ruas.