Posto de saúde em Fortaleza passa por reforma e funciona há mais de um ano em supermercado

O pavimento em que o posto funciona provisoriamente ainda abriga um local para pagamentos, uma biblioteca, uma sala de aula e o refeitório dos funcionários do supermercado

11:11 | Nov. 22, 2019

Segundo pavimento do local foi cedido pelo dono do estabelecimento para o funcionamento do posto de saúde. (foto: Leonardo Maia/Especial para O POVO)

Um posto de saúde, no bairro Granja Lisboa, em Fortaleza, está funcionando no segundo piso de um supermercado da região há mais de um ano, quando a unidade fechou para reforma em julho do ano passado. No local improvisado, cedido de forma gratuita pelo dono do estabelecimento, pacientes têm acesso apenas a consultas médicas e encaminhamento para outras unidades de saúde.

A dona de casa Raimunda Pereira, 61, é hipertensa e faz acompanhamento médico da enfermidade desde 2004. Ela explica que com o funcionamento no supermercado, precisa se deslocar para outro posto de saúde do bairro e enfrentar uma fila que dura pelo menos uma hora para receber os remédios que toma diariamente.

“Aqui a gente é bem atendida, não tenho o que reclamar em relação a isso, mas lá (no endereço original do posto) era bem mais confortável”, lamenta. A unidade ainda não conta com vacinação ou curativos, procedimentos que também são encaminhados para outros postos.

Pacientes e funcionários reclamam das condições precárias de atendimento. (Foto: Leonardo Maia/Especial para O POVO)

O pavimento em que o posto funciona ainda abriga um local para pagamentos, uma sala de aula, uma biblioteca e o refeitório dos funcionários do supermercado. Uma funcionária, que terá sua identidade preservada, reclamou das condições de trabalho do local. Ela disse que o local é muito abafado e acaba aumentando a probabilidade de contaminação, ainda mais devido ao número de pessoas que transitam pelo local e não vão ser atendidos.

De acordo com os funcionários, a titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Joana Maciel, e o secretário da Regional V, José Ronaldo Rocha, fizeram uma visita ao local na última semana e garantiram que o posto será entregue até o fim deste ano, mesmo prazo que o proprietário do supermercado deu para que o local seja desocupado.

Obras inacabadas do Posto de Saúde Dom Antônio de Almeida Lustosa, no bairro Granja Lisboa. (Foto: Sandro Valentim)

Em nota, a SMS afirmou que a conclusão da obra está dependendo da troca do reservatório da Estação de Tratamento que apresentou uma deformação em sua base. O órgão ainda disse que a construtora responsável já foi notificada sobre a demanda e realizará a troca do equipamento até dezembro deste ano.

Segundo a secretaria, o funcionamento provisório do local no supermercado foi acordado entre o Conselho Local de Saúde, junto à comunidade, por questão de proximidade da área assistida. A demanda de pacientes do posto em reforma, assim como as equipes de funcionários, ainda foi distribuída entre outros dois postos: Guarany Mont´Alverne, também no bairro Granja Lisboa, e Edmilson Pinheiro, no Conjunto Ceará.

Moradores sofrem com esgoto a céu aberto

Manuel Messias da Silva, 62, mora próximo ao posto e reclama dos transtornos com o esgoto despejado a céu aberto. (Foto: Leonardo Maia/Especial para O POVO)

A rua em que o posto está sendo reformado causa transtorno aos moradores e comerciantes. A pendência da estação de tratamento faz com que o esgoto acabe sendo despejado a céu aberto. Manuel Messias da Silva, 62, diz que improvisou uma contenção, com uma tábua de madeira, para evitar que o efluente invadisse sua casa.

“Isso é um descaso grande do poder público. Quando começa a vazar é ruim para todo mundo, nosso apelo é que o prefeito saiba disso e tome uma providência”, insiste o homem. Com a reforma, Manuel, que tem mobilidade reduzida, precisa se deslocar para outro bairro, o Conjunto Ceará, para ser atendido e realizar um tratamento de hérnia de disco.