Veja como cumprir as metas de ano novo faltando menos de dois meses pra terminar 2019

2019 está chegando ao fim. Especialistas chamam atenção para os cuidados com a saúde mental na busca por objetivos e reforçam que não existe um momento ideal para iniciar um novo projeto

14:00 | Nov. 11, 2019

Criar metas possíveis e planejar a realização delas é uma forma de organização e de evitar frustrações no fim do ano (foto: ARQUIVO O POVO)

O ano está terminando. Faltam menos de dois meses para começar um novo ciclo em 2020. Começo do ano é sempre tempo de definir metas, mudar rumos, melhorar o dia a dia. São diversas promessas que fazemos com o intuito de crescermos pessoal e profissionalmente. Melhorar a alimentação, perder peso, correr uma maratona, ler tantos livros, reciclar mais, reclamar menos, começar aquele curso de línguas... E, quando chega novembro e as metas não foram alcançadas? Será que ainda dá tempo?  

A psicóloga Luanna Rodrigues lembra que montar um planejamento é algo que pode gerar grandes benefícios ao “garantir que a pessoa possa visualizar onde ela quer chegar no futuro e comece a agir em busca de uma evolução”. E alerta que para o planejamento não gerar uma “ansiedade patológica” ele precisa ser estruturado em objetivos atingíveis. É preciso se perguntar: qual é o impacto que isso vai gerar? O que me levou a querer isso? Esse desejo é realmente possível ? Ela destacou que nos casos de ansiedade generalizada ou de exaustão emocional, o mais indicado é parar um pouco com a busca e procurar ajuda especializada.

O psicanalista Orlando Cruxên explica que, ao criar um planejamento, é necessário “aceitar suas próprias fraquezas, limitações, conviver com elas e se planejar pensando nas dificuldades que você vai enfrentar para realizar seus desejos”.  E esse planejamento pode ser feito em qualquer momento do ano, basta ser real e possível. Segundo Alex Amarante, coordenador de gerenciamento de projetos da pós-graduação da Universidade de Fortaleza (Unifor), o planejamento é a “ferramenta que vai guiar todas as ações” e por isso precisa ser uma ação “contínua e ajustável” à medida que os eventos ocorram.

Ele ressalta que um bom planejamento envolve ações a longo, médio e curto prazo e que “nenhum desses planos de tempo é suficiente sozinho” sendo importante montar uma ordem sequencial para cada projeto e ir evoluindo progressivamente. Isso, segundo ele, reduz o desgaste na busca por resultados. Um bom planejamento aumenta as chances de sucesso. 

A contadora Bruna Pitombeira estava determinada a atingir um destaque profissional neste ano, mas por volta do mês de maio enfrentou uma severa crise de ansiedade e passou a rever suas prioridades. “Eu cheguei no meu limite”, desabafou. Por causa desse quadro ansioso, ela afirma que teve que “desacelerar o ritmo”.  Mesmo com a mudança de rumos, ela não desistiu.  “A gente não pode esperar a próxima segunda-feira, a próxima semana ou o próximo mês, o momento é agora”, definiu sobre quando recomeçar a buscar seus objetivos.

Alex concorda que não existe tempo ideal e destaca que o principal é “encontrar o propósito de cada desejo”. De acordo com o especialista, ao se pensar na razão que motivou a criação de uma meta específica, torna-se mais difícil desistir. Luanna destaca que “as ações que vão fazer com que os propósitos sejam alcançados estão no presente” e diz que quanto antes as pessoas começarem a trabalhar em seus desejos, maiores serão as chances de alcançá-los. E isso vale para agora, em novembro, ou em qualquer outro mês do ano. 

Para atingir seus objetivos sem negligenciar seu bem-estar, Bruna criou “uma lista em um caderninho” e conforme foi conseguindo cumprir as metas mais simples, passou a se sentir confiante a propor desafios maiores a si mesma. Ela retomou uma “paixão antiga” e se desafiou a ler 30 livros até o fim do ano. Faltando menos de dois meses para o término do prazo, Bruna já leu 32 livros e comenta que passou a encarar as leituras como um passatempo prazeroso e que isso ajudou no quadro de ansiedade e, por consequência, gerou uma “grande melhora no trabalho”.

CUIDADOS COM A SAÚDE MENTAL

> A psicóloga Luanna Rodrigues destaca que os principais sinais de que a pessoa está exigindo demais de si mesma são: instabilidade emocional, distúrbios do sono e/ou alimentares. Ela lembra que embora iniciar projetos novos seja benéfico, o que normalmente acontece é que as pessoas “estão com foco naquilo que elas querem alcançar mas não focam naquilo que elas precisaram mudar”.

> Uma das ações para preservar a saúde mental é se dedicar a um exercício de “autoconhecimento”. Ao criarem metas, as pessoas precisam estar “consciente daquilo que querem atingir e do motivo pelo qual precisam disso”, completou Luanna.

> O psicanalista Orlando Cruxên reforça que, em muitos casos, ocorre a criação de “planos inumanos” que exigem uma dedicação extrema e prejudicial pelo fato de a pessoa não estar totalmente consciente da razão pela qual criou tal propósito. Orlando destaca que uma ação importante para preservar a saúde mental é “conversar sobre suas limitações e dificuldades para atingir seus propósitos”.

> Especialista em gerenciamento de projetos, Alex Amarante destaca que devemos ter em mente que “nenhum projeto é algo individual”. Por isso, é importante buscar apoio nas pessoas mais próximas como forma de aliviar a pressão na busca pelos objetivos.

> Luanna Rodrigues destaca que a procrastinação é um dos sinais de que existe algo errado com a meta e também com o planejamento. Segundo a psicóloga, a busca por esses desejos deve ser algo feito pensando em um retorno “prazeroso”, visando “aquilo que a pessoa deseja para a vida dela”.