Força Aérea permuta Vila Militar da Aeronáutica abandonada em Fortaleza

Novo proprietário só assume responsabilidade do local após entrega de espaço no Rio Grande do Norte

16:44 | Set. 04, 2019

Situação de abandono na Vila Militar no bairro Praia de Iracema (foto: Italo Cosme / Especial para O POVO)

A Força Aérea Brasileira permutou a Vila Militar da Aeronáutica, localizada nos cruzamentos das ruas historiador Guarino Alves com Tigipió, na Praia de Iracema. A empresa vencedora do processo de licitação deve assumir o local tão logo finalize o espaço de convivência militar no município de Parnamirim, no Rio Grande do Norte. Até a publicação desta matéria, a Aeronáutica não informou o nome da empresa ganhadora ou construtora responsável pela obra.

Esse, já finalizado, é um dos dois processos licitatórios, em Fortaleza, na alçada da Força Aérea. O outro trata-se de imóveis da União, localizados no Meireles. Está previsto a venda de quatro alojamentos e um clube recreativo. O negócio é avaliado em R$ 26,9 milhões. A intenção da FAB é vender esses equipamentos em troca da construção de dois edifícios em Anápolis, em Goiás.

Enquanto o antigo espaço da Aeronáutica não passa para novo comando, a situação é de abandono. Com mais de cinco décadas morando próximo à área da Vila vendida, uma senhora contesta a utilização do espaço. “Poderiam fazer qualquer coisa. Tem tanta gente precisando de casa”. De acordo com ela, nos últimos anos de uso, o alojamento foi ocupado por sargentos, capitães e coronéis da Aeronáutica.

"Foram saindo aos poucos, depois colocaram uns cachorros para vigiar. Mas não serviu de nada, e eles tiraram. Hoje está assim…”, aponta para um dos quarteirões com amontoados de lixo. Conforme o relato, homens da aeronáutica fazem a ronda no local.

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Localizada numa das principais vias de acesso à Beira Mar, a vila Militar da Aeronáutica, na Praia de Iracema, está abandonada. Cerca de 20 casas ocupam o local disposto em quatro quarteirões. Tanto dentro quanto no entorno do antigo alojamento acumula-se lixo e serve como rota de fuga para assaltantes.

Em um dos casos de assalto, segundo relato de trabalhadores próximo à Vila, indivíduos entraram em um dos terrenos e, pelos fundos, roubaram os aparelhos de ar-condicionado de uma escola próxima. Desde então, sistema de cerca elétrica foi instalado para coibir novas investidas criminosas contra a unidade escolar.

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Em outra situação, conta um morador, criminosos deixaram celulares dentro do antigo alojamento militar. Pouco tempo depois, a Polícia chegou ao local e recuperou os aparelhos, que tinham sistema de rastreamento.

As casas já tiveram furtadas as telhas, os portões e janelas. Para evitar a entrada nos espaços, fecharam as aberturas dos locais com tijolos; mesmo assim, foram quebrados e o espaço ficou acessível novamente.

Residente no local há 30 anos, uma senhora relata que homens do Exército vão ao local fazer ronda durante o dia, mas à noite não aparece ninguém. “Eu escuto os gritos quando está ocorrendo algum assalto. É um absurdo. Um dia desses, ouvi uma mulher gritando, eu me abaixei com medo dos tiros", relata.

A Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS) deve entrar em contato com o comandante da Base Aérea na Capital para que adote providências efetivas com manutenção e medidas no local. O espaço é tido como “ponto estratégico” para evitar focos de Aedes aegypti.

De acordo com Carlos Barbosa, coordenador do núcleo controle de endemias da SMS, equipes visitam o lugar regularmente. A última inspeção de agosto ocorreu no dia 23. “Na segunda-feira, 2, retornamos para fazer a aplicação de inseticida para eliminação dos mosquitos na fase alada”, informa.