Em 2018, maioria de trabalhadores em situação análoga à escravidão estavam na construção civil

Relatório aponta migração do trabalho escravo das zonas rurais para as éreas urbanas, incluindo a Capital

16:48 | Jan. 28, 2019

Quadro do balanço apresentado da situação análoga à escravidão no Ceará(foto: Divulgação)>

Dos 35 trabalhadores resgatados de situação análoga à escravidão no Ceará, 32 estavam no setor da construção civil. É o que aponta o resultado de auditorias fiscais do trabalho no ano de 2018. O balanço foi divulgado nesta segunda-feira, 28, em evento no Sindicato dos Auditores do Trabalho no Ceará (Sinait-CE). Categoria garante atividade em 2019 mesmo em meio a cenário nacional pouco positivo.

O relatório aponta a concentração desses trabalhadores na zona urbana da Grande Fortaleza, onde 16 deles foram resgatados, e de Beberibe, onde foi realizado resgate de outros 16. Apenas três foram identificados na atividade de extração da cera de carnaúba. O relatório também reúne dados sobre arrecadação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), inserção de aprendizes e deficientes no mercado de trabalho e retirada de crianças das frentes de trabalho.

Para a auditora do trabalho e delegada sindical Elizabeth Alice, há uma mudança no perfil dos resgatados. "Do meio rural, estão migrando para as áreas urbanas. Principalmente na indústria da construção civil. É um tipo de chaga social que vem se modificando ao longo do tempo e a fiscalização precisa se adaptar a essa realidade", pondera. Em 2017, apenas 11 pessoas haviam sido resgatadas.

Também cresceu o número de crianças que foram retiradas do trabalho infantil. De apenas sete em 2017, o número saltou para 48 em 2018. "Há uma necessidade mais intensa da fiscalização no trabalho infantil. Não é só retirar a criança do mercado de trabalho. É trazer essa família para uma realidade diferente que não permita mais que essa criança fique fora da atividade própria da criança, como o ambiente da brincadeira, do estudo", completa a auditora.

Em 2018, 12.071 foram empresas auditadas. Dessas, mais de 3 mil só da área de segurança do trabalho. Foram assinadas 5.142 carteiras de trabalho, incluindo 1.018 pessoas com deficiência inseridas no mercado de trabalho - o dobro em relação ao ano anterior. Foram realizadas mais de 12 mil mediações e mais de 10 mil orientações para trabalhadores que precisavam e atendimento para dúvidas e cálculos trabalhistas.