Mãe de Stefhani Brito lamenta falta de respostas; acusado está foragido há dez meses

A primeira audiência do caso é nesta quarta-feira, 24. A jovem foi torturada e morta, em janeiro. O corpo foi levado de moto, durante horas, pelas ruas do Mondubim

14:23 | Out. 24, 2018

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[FOTO2]Acontece nesta quarta-feira, 24, a primeira audiência para oitiva das testemunhas de acusação do caso Stefhani Brito. A brutal morte da jovem chocou o Ceará, já na primeira semana de 2018. Ela, que tinha 22 anos, foi torturada e morta. O corpo foi levado de moto, durante horas, pelas ruas do Mondubim, até ser deixado nas proximidades da Lagoa da Libânia. Dez meses depois, o acusado do assassinato e então namorado da vítima, Francisco Alberto Nobre Calixto Filho, segue foragido. 

A audiência ocorre no Fórum Clóvis Beviláqua, no bairro Edson Queiroz, em Fortaleza. Junto a outras entidades, o Fórum Cearense de Mulheres (FCM) realizou, durante a manhã, intervenção, na entrada do fórum. Com cartazes e panfletos, as mulheres exigiram justiça. 

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Os movimentos chamam atenção para o aumento de feminicídios (mulheres mortas pela condição de gênero). "Estamos aqui em solidariedade à família da Stefhani. Nos articulamos não só pedindo o fim da violência contra a mulher, mas também na luta por políticas públicas efetivas. No Ceará, de janeiro até agosto, foram 391 mulheres mortas”, frisou a professora Zuleide de Paula, membro do FCM.

Receosa, após ameaças, a família de Stefhani lamenta a lentidão policial. “Nós estamos lutando para colocar esse homem detrás das grades. Não sei o que tá acontecendo com nossa Justiça, que não consegue pegar ele. Eu espero que Deus me dê força e coragem de enfrentar essa audiência, porque a gente sofre demais. Minha filha não merecia ser morta com tanta brutalidade”, dialogou, aos prantos, antes da audiência, Rosa Brito, mãe de Stefhani.

Hoje, a família e os amigos da jovem recebem ameaças. Uma das amigas saiu do Ceará após receber ameaças de morte. “Toda informação (sobre o acusado) a gente passa pra delegada e ela só pede pra ter paciência. Não temos essa paciência, porque estamos vulneráveis”, desabafou Antonio Felipe Brito, irmão mais velho de Stefhani.

“Ele e amigos dele continuam fazendo ameaças às amigas da Stefhani, em ligações anônimas. Ele fica intimidando as pessoas do Sítio Córrego, no Mondubim, onde a gente morava”, completa Rosa.

O caso 
Stefhani era vítima de violência doméstica. As torturas passavam por queimaduras com pontas de cigarro e com colher quente, além de furos com garfo. A jovem chegou a se mudar para o Interior para se distanciar. “Isso, pra mim, é um psicopata, porque amor não é. Ele queimava com faca, com colher, com cigarros. Quando batia nela, ele amarrava para não gritar. Acredito que ela era ameaçada, pois, sempre que discutia, a gente pedia que ela não fosse encontrar (com o homem). E ela dizia que ia, pois precisava salvar a família”, disse testemunha, ouvida pelo O POVO, em janeiro.
 
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A jovem conheceu Calixto aos 17 anos. Os dois chegaram a morar juntos e montaram um negócio, uma padaria. O relacionamento, porém, havia acabado pelo menos seis meses antes da morte de Stefhani. Ele até já estava em novo relacionamento. 
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Com informações da repórter Angélica Feitosa