Ex-vereador de Fortaleza é julgado por matar companheira a facadas

Andréa Jucá foi morta com 35 facadas em 2013. O acusado é Francisco das Chagas Filho, conhecido como Alan Vereador. Julgamento acontece nesta terça-feira, 25

11:00 | Set. 25, 2018

NULL (foto: )
Atualizada às 14h03min
 
O julgamento do ex-vereador Francisco das Chagas Filho - conhecido como Alan Vereador -, acusado de matar a esposa, Andréa Jucá, a facadas começou às 10h35min desta terça-feira, 25. O crime aconteceu em outubro de 2013, no bairro Rodolfo Teófilo, em Fortaleza. O réu está em prisão preventiva há cinco anos. O julgamento continua durante a tarde de hoje.
[FOTO1]
A expectativa da defesa era adiar o julgamento. De acordo com Juvenal Lamartine, advogado do acusado, a defesa requereu que o réu fosse submetido a uma perícia médico-legal. Ele alega que houve luta corporal no momento do crime e que Francisco das Chagas teria sido lesionado com 11 facadas. “O exame pericial feito no local do crime atesta a ocorrência da luta. As lesões resultaram debilidade de três dedos das mãos do Alan. Até agora, ele não foi submetido a exames complementares, e requeremos que ele fosse”, diz.

Deodato Ramalho, advogado de acusação, explica que o crime não será enquadrado na Lei do Feminicídio (que caracterizaria um crime hediondo) porque aconteceu em 2013 e a legislação é de 2015. De qualquer forma, ele espera que duas qualificadoras sejam reconhecidas. “Temos plena convicção, com uma prova muito contundente dos autos, de que não tem como estas duas qualificadoras não serem reconhecidas: a utilização de meios, por parte do réu, que impossibilitaram a defesa da vítima no ato, e a torpeza”, detalha.
[SAIBAMAIS]
De acordo com o advogado, o crime foi premeditado pelo acusado. No dia do ocorrido, ele levou os filhos a um restaurante e foi encontrar a vítima na casa da família - onde ele já não residia havia uma semana. Ao entrar no local, ele trancou a porta e, depois, segundo testemunhas, foi possível ouvir pedidos de socorro de Andréa. Cômodos como o banheiro, o quarto e a cozinha da casa estavam com sangue. 

Das 35 facadas identificadas no corpo da vítima, duas foram fatais, segundo o advogado: uma lesão na artéria carótida e outra na veia femoral. As facadas nos braços apontam lesões de defesa, que mostram que Andréa ainda tentou se proteger. 

O advogado diz, ainda, que em crimes do tipo, é comum que o acusado justifique o ato praticado com uma “violenta emoção”. “A premeditação com que ele atuou afasta toda a possibilidade desse tipo de justificativa. Quem premedita um crime não está sob o domínio de qualquer emoção”, explana. 
 
Durante o interrogatório, o acusado afirmou que quando casou com Andréa não tinha “amor por ela, mas tinha respeito”. Além disso, alegou dificuldades durante o relacionamento. A vítima, segundo o réu, não aceitava que ele mantivesse contato com filhos de relacionamentos passados. 

Na data do crime, ele alegou ter deixado os filhos em um restaurante em virtude do Dia das Crianças - comemorado no dia anterior (12 de outubro). Em seguida, foi até a casa da vítima para, segundo ele, conversar sobre uma possível separação. No ato, ele alega que foi tratado com grosseria e, em dado momento, foi agredido com uma faca. Nesse momento, teria “perdido o controle”, e travado uma luta corporal com a vítima. “Fiquei em estado de choque, me deu um surto psicótico. Jamais desejaria isso para a mãe dos meus filhos”.
 
Thais Jucá, 22 anos, filha da vítima e do acusado, compareceu à audiência com expectativas de que a “justiça seja feita”. “Nada vai trazer minha mãe de volta,
essa dor vai ficar dentro da gente pra sempre. Não existe reparação para essa perda, mas ver ele (réu) ser condenado pelo crime cruel e bárbaro cometido vai trazer um pouco de conforto para nossos corações”, desabafa. Os outros dois filhos do ex-casal, Thamiris, 19, e Thales, 15, não compareceram ao julgamento. 
 
O julgamento continua acontecendo durante esta terça-feira. 


Redação O POVO Online