Atualizada às 11h35min

Manifestantes atearam fogo em três containeres de um prédio em construção da Cameron, na rua Dom Sebastião Leme, bairro de Fátima, na manhã desta segunda-feira, 30, em Fortaleza.  O incêndio foi provocado por alguns operários, insatisfeitos com o atraso dos salários. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar foram acionados para controlar o grupo. Ninguém ficou ferido.

O caso foi registrado por volta das 8 horas e equipes do Corpo de Bombeiros debelaram as chamas, conforme o tenente-coronel Ricardo Reis. "O manifestantes tentaram impedir o trabalho dos bombeiros, mas estamos trabalhando para controlar totalmente o incêndio. A Polícia foi chamada para evitar confrontos", detalha.

%2b Veja as fotos do incêndio na obra

Com um dos operários da obra, O POVO apurou que os trabalhadores estão há um mês e 18 dias sem receber os salários e sem depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Os manifestantes alegam ainda que pediram para serem demitidos, mas não tiveram retorno da empresa e não puderam procurar empregos em outros lugares.

O POVO Online entrou em contato com a direção da Cameron, que disse que os operários serão responsabilizados. "Recebemos as fotos do incêndio, passadas por alguns moradores do local. Queremos entrar em acordo com eles sobre as questões trabalhistas, mas a partir de março demitiremos àqueles que iniciaram o incêndio", explica a advogada da empresa, Nara Magalhães. 

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil da Região Metropolina de Fortaleza (STCCRMF), a obra está parada há um mês. Esse é o segundo protesto de grande porte dos operários, que no dia 16 de março queimaram pneus e fecharam a passagem da rua próxima à obra. 

Impasse com os proprietários <br>Além do conflito com os trabalhadores, a Cameron está em um impasse com os proprietários do edifício Felicitá, em construção desde 2010. “Eu comprei o apartamento e o primeiro prazo de entrega era dezembro de 2013. Depois, a empresa disse que seria entregue em julho de 2014. Estamos em 2015 e a obra está parada, porque eles não pagam os operários”, diz Augusto César Porto.

Segundo o proprietário, os operários têm razão, pois as obras são prejudicadas pela falta de mão-de-obra e pagamento. Ele conta que todo o dia passava no local e conversava com os trabalhadores, em número reduzido.

“Eu e mais sete [proprietários] tivemos uma reunião com a direção. Disseram que até dia 30 iam ter um aporte de recursos, mas enquanto isso têm donos vivendo de favor em casa de parentes. É um transtorno para nós e para os trabalhadores”, completa.

De acordo com Porto, uma nova reunião entre os proprietários e a direção da Cameron está marcada para o dia 7 de abril. O encontro será às 9 horas, na sede da empresa na rua Israel Bezerra, no bairro Dionísio Torres.

Veja o vídeo:

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