Grupo acampado no Parque do Cocó denuncia ameaças
Integrantes do movimento em defesa do Parque do Cocó, que estão acampados na área onde serão construídos viadutos, denunciam ameaças que vêm recebendo durante todo o período do acampamento. Segundo o grupo, houve ameaças de expulsão por parte da Prefeitura e agressões contra as pessoas que acampam no Parque. Na madrugada da última quinta-feira, 25, dois integrantes do acampamento, Herlânio Silva e Vitor Hugo, teriam sido feridos por pedras atiradas de uma Hylux desconhecida. "A pedra de calçamento atingiu a minha perna esquerda, o outro foi atingido na perna direita. A cada madrugada tem uma novidade", disse Herlânio ao O POVO Online.
[SAIBAMAIS 1]
Em um vídeo publicado ontem no Youtube por um dos integrantes, homens da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) fazem alerta ao grupo. “Vocês podem ter a garantia de que nós, nenhum de nós aqui hoje vai agredir nenhum de vocês. Amanhã eu não sei...”, diz o policial no vídeo.
Apesar do clima de insegurança, o grupo decidiu permanecer acampado no Parque. A decisão foi tomada na noite da última sexta-feira, 26, durante reunião para avaliar a situação do acampamento. A reunião ocorreu após decisão da Superintendência de Patrimônio da União (SPU), que liberou a obra para construção de viadutos no trecho. Anteriormente já havia caído uma liminar do juiz Francisco Chagas Barreto, da 2ª Vara da Fazenda Pública, que embargava a obra. A liminar foi fruto de ação popular movida pelo advogado Rogério Araújo.
Apesar das duas decisões e das declarações do prefeito Roberto Cláudio (PSB) de que pretende retomar de imediato a construção dos viadutos, os integrantes do acampamento decidiram permanecer no Cocó. Em nota enviada à imprensa eles chamam a população para participar de debates, assinar o abaixo-assinado contra a construção dos viadutos e tomar parte na mobilização. Durante esse fim de semana ocorrerá programação aberta ao público no acampamento.
POLÊMICA
Segundo o O POVO publicou esta semana, técnicos e acadêmicos têm opinião contrária a construção dos viadutos. Eles preveem dano ambiental e impactos urbanísticos negativos que seriam causados pela obra. Exemplos são os professores dos cursos de Arquitetura e Geografia UFC, Clarice Sampaio Freitas, José Sales e Jeovah Meireles, que por diversas vezes já contestaram a construção dos viadutos e apresentaram soluções alternativas aos mesmos.
Também a Polícia Federal instaurou ontem inquérito para apurar a responsabilidade criminal da Prefeitura de Fortaleza no corte de mais de 70 árvores do Parque do Cocó. A investigação foi iniciada com base em laudo do Ibama, que conforme o MPF, comprova a prática de crime ambiental.
Além da PF, o MPE ingressou com ação contra a continuidade da obra e há uma ação anterior do MPF pela preservação do Parque como um todo. Ainda não há decisão sobre estas duas ações.
Os integrantes do movimento também vão apresentar recurso à decisão do presidente do TJ-CE que sustou a liminar que embargava a obra. Eles querem uma audiência com o prefeito Roberto Cláudio para discutir a construção dos viadutos.
Programação no acampamento:
Sábado, 27
Realização de pedágio e mobilização para reforçar o acampamento
Exibição de vídeos e debates
Domingo, 28 – Domingada no Parque
8h - Piquenique com a criançada - malabares, trilha, oficina de máscaras, pipas, contação de histórias etc
18h – Obra do Cocó - Debate sobre mobilidade urbana, impactos ambientais e alternativas – Jeovah Meireles, José Sales, acampados e movimentos sociais
Segunda-feira, 29 – Mobilização e atividades
Terça-feira, 30 - Manifestação no Paço Municipal e Palácio da Abolição com concentração às 14h no Passeio Público
Assista ao vídeo em que policiais da GMF fazem ameaças ao grupo:
[VIDEO1]