O desafio do lixo urbano em Fortaleza: impactos e caminhos para a destinação sustentável
Entre questões urbanas e ambientais, Verdejar Fortaleza convida moradores a refletirem sobre a cidade e assumirem o papel de agentes de transformação
17:40 | Out. 06, 2025
Em Fortaleza, o lixo urbano ainda representa um dos principais desafios ambientais. O descarte irregular, a baixa reciclagem e a ausência de políticas estruturadas para resíduos orgânicos afetam a saúde, a qualidade de vida e o meio ambiente da cidade.
Para o professor de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Moro, a Capital “recicla muito pouco o resíduo sólido gerado e esse resíduo é descartado de modo inadequado”. Segundo ele, plásticos e entulhos são frequentemente encontrados em áreas verdes e até em ecossistemas naturais, prejudicando a fauna, a flora e a qualidade da água.
“Parte desse lixo é o lixo plástico, que não é biodegradável e, por isso, se acumula no longo prazo. [...] Quando chove, o lixo plástico acaba sendo levado para os rios e eventualmente ele chega ao mar, onde ele já é um problema de poluição bastante grave”, alerta. O professor lembra ainda os riscos dos microplásticos, detectados inclusive no corpo humano, e defende a ampliação da coleta seletiva e o fortalecimento da fiscalização.
Vereador na Capital, Gabriel Aguiar (Gabriel Biologia) avalia que Fortaleza “ainda tem um longo caminho” para avançar na gestão de resíduos. Ele aponta que mais da metade do lixo doméstico é orgânico e não recebe tratamento adequado.
“É urgente que a gente tenha um programa de compostagem e de não geração de resíduos orgânicos. Mais da metade dos resíduos de uma casa são orgânicos e eles podem facilmente ter soluções locais, nas comunidades, nas ruas, nos conjuntos habitacionais, para se tornarem compostos, se tornarem adubo e não gerarem os gases de efeito estufa”, afirma.
Além disso, ele chama atenção para a baixa taxa de reciclagem. “Nós provavelmente não batemos nem 2% de reciclagem dos nossos resíduos sólidos recicláveis”. O vereador ressalta o papel dos catadores, que “fazem um grande trabalho, mas que ainda são completamente precarizados”, e defende mais estrutura, transporte e assessoria para cooperativas.
Na gestão municipal, o coordenador de Limpeza Urbana da Secretaria da Conservação e Serviços Públicos (SCSP), Nelson Calixto, destaca os impactos do descarte inadequado sobre rios, mares e saúde pública.
Entre os avanços, ele cita a expansão da coleta seletiva, os Ecopontos espalhados pela cidade e programas específicos, como o Joga Limpo e o Caminhão Limpezinha, que até agosto de 2025 já havia recolhido 277 mil toneladas de materiais. “Só com o poder público e os moradores caminhando juntos a cidade vai conseguir reduzir impactos e valorizar de verdade a economia circular”, pontua.
Entre os avanços, ele cita a expansão da coleta seletiva, os Ecopontos espalhados pela cidade e programas específicos, como o Joga Limpo e o Caminhão Limpezinha, que até agosto de 2025 já havia recolhido 277 mil toneladas de materiais. “Só com o poder público e os moradores caminhando juntos a cidade vai conseguir reduzir impactos e valorizar de verdade a economia circular”, pontua.
Verdejar Fortaleza: educação ambiental na prática
“O problema central é pensar os resíduos apenas a partir da calçada, a partir do saco de lixo. Os resíduos precisam ser pensados antes disso. A não geração, a disponibilidade desses resíduos no consumo, nos supermercados, a educação ambiental e as formas de tratar, de segregar esses resíduos antes da coleta”, alerta o vereador Gabriel Aguiar, sintetizando a importância da prevenção.
A transformação da cidade depende tanto de políticas públicas quanto da conscientização e ação de cada morador. É nesse contexto que o Verdejar Fortaleza, iniciativa da Fundação Demócrito Rocha (FDR) em parceria com a Universidade Aberta do Nordeste (Uane) e patrocínio da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), oferece formação gratuita em educação ambiental.
Com o curso Educação Ambiental para um Presente Sustentável, o projeto estimula fortalezenses a refletirem sobre seu papel na cidade e a adotarem práticas sustentáveis no dia a dia. A formação é online e gratuita.
Para mais informações, acesse: verdejarfortaleza.com.br