O clima mudou: como Fortaleza pode enfrentar a crise ambiental
Iniciativa gratuita incentiva fortalezenses a compreender os desafios ambientais e agir diante da crise climática
17:00 | Set. 17, 2025
Fortaleza sente cada vez mais os efeitos das mudanças climáticas. Calor intenso, chuvas fortes e alagamentos têm transformado a rotina da cidade. A nova realidade mostra que a crise ambiental não é assunto distante ou para o futuro, mas um desafio urgente.
Apesar da preocupação crescente com o tema, a desinformação ainda é um obstáculo. Pesquisa realizada no fim de 2024 pela Tereos, em parceria com o Instituto Datafolha, revelou que 34% dos brasileiros desconhecem o que são mudanças climáticas, enquanto 7% se consideram mal-informados sobre o assunto. Entre as classes D e E, o desconhecimento chega a 54%.
Neste sentido, especialistas alertam para a importância de compreender o fenômeno e agir. Para a jornalista ambiental Letícia Klein, falar sobre mudanças climáticas é reconhecer a dimensão da interferência humana no planeta.
“As mudanças climáticas são causadas pelas atividades humanas que intensificam o efeito estufa. [...] A humanidade vem, desde a Revolução Industrial, emitindo muito mais gases na atmosfera do que a Terra é capaz de ciclar nos seus ciclos naturais”, explica.
Ela destaca que os reflexos desse desequilíbrio já são visíveis, com desastres como enchentes, secas e ondas de calor mais frequentes e intensos, que elevam os preços de alimentos e prejudicam a saúde da população, com poluição do ar e fumaça de incêndios aumentando problemas respiratórios.
Do ponto de vista das soluções, Letícia defende medidas estruturais e urgentes, tanto de adaptação, preparando cidades para mudanças que já estão acontecendo, quanto da mitigação, reduzindo gases do efeito estufa.
“A principal delas é plantar mais, manter e aumentar os ecossistemas naturais e, claro, reduzir as atividades que causam a emissão de gases de efeito estufa, reduzir o desmatamento, reduzir a atividade pecuária, colocar mais veículos elétricos nas ruas, por exemplo, reduzir de fato a emissão”, aponta.
Na avaliação da ativista ambiental Katley Ellen, Fortaleza ainda está distante desse cenário. “Fortaleza ainda não é uma cidade resiliente em se falando de adaptação. Desde a diminuição de áreas verdes na cidade até como as construções são pensadas, não levam em consideração que estamos em crise climática. É uma cidade que não está preparada para viver a escalada das consequências cada vez maiores”, observa.
Para além das políticas públicas, Katley chama atenção para o papel da população. “A comunidade é essencial nesse processo porque conhece na prática os problemas do lugar onde vive e sabe o que realmente sente na pele. Sem a inclusão real nesses esforços de adaptação, sem a participação da população, não há justiça climática. Quando você dá oportunidade e deixa a população bem informada, você vê que as pessoas constroem soluções de baixo para cima, em conjunto com o poder público”, afirma Katley.
Verdejar Fortaleza: conhecimento que transforma
Entre riscos e oportunidades, ambas reforçam que o futuro de Fortaleza depende de informação, engajamento e ação coletiva. É nessa linha que o Verdejar Fortaleza, iniciativa gratuita de educação ambiental, busca formar cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar a crise climática.
No curso Educação Ambiental para um Presente Sustentável, Letícia Klein ministra o módulo “Está todo mundo falando de... Mudanças Climáticas. O que é? Onde, quando, agora!”, que apresenta de forma acessível as causas, consequências e alternativas de mitigação e adaptação.
“A educação e a comunicação são chaves, pensando na importância de projetos como Verdejar Fortaleza. A gente precisa entender que falar de mudança climática é falar da nossa vida, é falar do nosso dia a dia, da nossa saúde, do nosso desenvolvimento, da nossa educação, da nossa questão financeira. Falar de futuro e falar de presente. Não tem como pensar hoje a vida apartada do que está acontecendo no ambiente”, conclui Letícia.
Sobre o projeto
O Verdejar Fortaleza é uma iniciativa da Fundação Demócrito Rocha (FDR) em parceria com a Universidade Aberta do Nordeste (Uane), com patrocínio da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor).
Além do curso Educação Ambiental para um Presente Sustentável, o projeto promove oficinas práticas com plantio de árvores, aulas de campo em áreas de bioma nativo e produção de conteúdos educativos em diferentes formatos.
Para mais informações, acesse: verdejarfortaleza.com.br