Parto adequado: o que for melhor para a mãe e o bebê

Ter seus filhos por meio de um parto adequado é um direito das gestantes. Participar do programa representa um ato de amor para as futuras mamães

07:00 | Mai. 10, 2019

Suite PPP (pré-parto, parto e pós-parto), do Hospital São Camilo Fortaleza. Instituição é adepta do projeto Parto Adequado, que defende procedimento individualizado para cada gestante. (Foto: Daialen Dick / Divulgação)(foto: Daialen Dick/Divulgação)>

A gravidez pode ser um dos momentos mais felizes na vida de uma mulher que tem o desejo de ser mãe. Entretanto, toda essa excitação vem acompanhada de incertezas sobre o tipo de parto que se deseja ter, natural ou cesariana. O Brasil é o segundo país com maior percentual de cesáreas no mundo, com uma taxa de 55,6% em relação a todos os partos realizados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2017, foram realizados 2,7 milhões de partos.

De acordo com a coordenadora médica da Obstetrícia do Hospital São Camilo Fortaleza, Laura Helena, muitas mulheres optam pela cesariana por terem medo da dor que podem sentir no trabalho de parto ou de o bebê sofrer, e não por indicação médica. "Falta as gestantes entenderem o parto como um processo fisiológico e inicialmente encararem a dor não como sofrimento, mas como uma fase de transição para dar à luz, para fazer o filho nascer", afirma.

Laura Helena, coordenadora médica da Obstetrícia do Hospital São Camilo Fortaleza. (Foto: Divulgação)

Para estimular o melhor tipo de parto para cada mulher — seja ele cesariana ou natural — a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e o Institute for Healthcare Improvement (IHI) desenvolveram o projeto Parto Adequado. O objetivo do programa é dar atenção ao parto e ao nascimento, adequando a infraestrutura das maternidades e enfatizando a capacitação de profissionais para a segurança da assistência ao parto.

Levando em consideração a particularidade de cada mulher e o seu bem-estar, o Hospital São Camilo Fortaleza adotou a iniciativa e redesenhou modelos de cuidado que valorizam o parto natural. "Não defendemos um parto normal a qualquer custo, mas um parto individualizado para cada gestante. O que não deve acontecer é a opção por parto cesariano sem indicação precisa ou sem avaliar os riscos e benefícios", afirma Laura Helena.

As cesarianas são necessárias nos casos em que um parto vaginal colocaria a mãe ou o bebê em risco — como acontece em casos de parto distócico, gravidez múltipla, pressão arterial elevada da mulher ou problemas com a placenta ou com o cordão umbilical. Entretanto, algumas cesarianas são realizadas sem uma justificação médica, mas a pedido de alguém, geralmente da gestante.

De acordo com a médica, outra forma de orientar a gestante para um parto adequado é a construção do plano de parto, que são ações que acontecerão durante o trabalho de parto e o pós-parto, deixando claro para os profissionais os desejos da paciente durante um momento único na vida da família.

No Brasil, segundo a OMS, o percentual de partos normais no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda é maior do que o de cesariana — sendo 59,8% frente a 40,2% de cesáreas. Ainda segundo a Organização, essa contagem é considerada grande para o número de cesáreas que ocorrem, e tem levado a nascimentos prematuros. Com isso o projeto Parto Adequado tem o objetivo de reduzir o percentual de cesarianas sem indicação clínica, entre elas o fim das cesáreas agendadas antes das 39 semanas de gestação, o que reduz os internamentos na UTI neonatal.

"Atualmente, as informações são acessíveis. Cursos de preparação para o parto, conversas e questionamentos com profissionais de saúde e com pessoas que já passaram pela experiência do parto contribuem para que, durante a gravidez, a gestante possa entender e decidir sobre o nascimento do bebê", acrescenta Laura Helena.