Moda e empreendedorismo: desafios a serem enfrentados

Segmento amplo, a moda exige dos empreendedores foco no público que se quer atingir e delimitação clara do objetivo

14:44 | Out. 23, 2018

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Investir no próprio negócio é tarefa que requer preparação e coragem por parte do empreendedor das galáxias. No caso da moda, a amplitude do segmento envolve variáveis comuns a todo empreendimento, como público-alvo, mas também aspectos específicos, como os tipos de tecido, se a venda será de peças masculinas ou femininas e outros. Ter foco e ideia clara de qual público se deseja atrair é fundamental para sobrevivência do negócio.
 
É caso da microempresária Monike Oliveira, que fundou há cerca de um ano a grife K, que comercializa exclusivamente peças de roupa na cor preta. “No início, as pessoas estranham, mas esse estranhamento é um diferencial da marca. Porque quando pensarem em roupa preta [os clientes] vão lembrar da nossa marca. Agora, o grande desafio é ser criativa com uma cor só”, explica Monike, sobre a razão para se especializar em um nicho tão específico.
  
A marca começou com coleções exclusivamente femininas e agora avança para um conceito unissex, explica a proprietária. Nesse sentido, ter proximidade com os anseios do público é um importante diferencial, aponta. “As pessoas querem se relacionar com marcas que conversam com sua linguagem. E outra, se você quer vender pra todo mundo, tem aumento do estoque, aumenta [custo com] logística, acaba criando dificuldades quando acredita que iria ganhar.”
 
Conhecer o negócio
Para a administradora de empresas Marília Diniz*, a amplitude do mercado da moda deve ser percebida pelos empreendedores como um provável gerador de problemas. Por isso, o empreendedor deve entender, antes de tudo, qual o problema a ser resolvido. “E isso vale pra qualquer coisa que você vai fazer. No caso da moda, por exemplo, o problema é as pessoas terem o que vestir? Então, por que vai comprar de mim e não de outros? Eu quero resolver o problema de quem quer usar roupa básica, de quem gosta de colorido? Isso vai balizar qualquer decisão que você vai tomar.” 
  
São vários microssegmentos existentes dentro da moda, como é o caso do público roqueiro ou os que trabalham com roupa social. Por isso, é necessário entender com quem se quer conversar, explica a administradora. Como dica, Marília sugere que os empreendedores busquem oportunidades em setores que já tenham alguma afinidade. 
 
“A pessoa pode analisar o mercado e ver o que falta, se estão sendo bem ou mal atendidas em certo segmento. Com a internet, temos uma calda longa. Às vezes, a pessoa já está inserida em algum setor. Por exemplo, faz parte de uma igreja e deseja fazer roupa para o segmento gospel. [Lembro de] uma mulher que calça 33 e tinha dificuldade de encontrar sapatos nesse número. Abriu um e-commerce para apenas esses tamanhos e deu certo. É o nicho do nicho”, encerra.
 
 
*Marília Diniz é analista do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (Sebrae/CE)