O super-universitário e o desafio de empreender

Se criatividade, sede de conhecimento e vontade de inovar são algumas das melhores características dos jovens que estão no nível superior, por que não estamos aproveitando melhor esses superpoderes?

17:03 | Set. 21, 2018

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A universidade bem que poderia ser um dos principais espaços para inspirar os alunos a desenvolverem projetos de empreendedorismo na comunidade. No entanto, segundo pesquisa realizada em 2016 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Endeavor, elas simplesmente não estão cumprindo esse papel. Entre os alunos de ensino superior no Brasil, apenas 5,7% já empreendem, apesar de 21% pensarem em empreender no futuro. 73,3% dos alunos disse não ter intenção de abrir um negócio. 
 
E a falta de disposição para falar sobre o assunto começa pelos professores. Enquanto cerca de 65% deles estão satisfeitos com iniciativas de empreendedorismo dentro das instituições, a média de satisfação entre alunos é de apenas 36%. Não que a culpa seja unicamente deles, já que poucos mestres são empreendedores ativos e se atualizam com pessoas de negócios externas à instituição de ensino. Além disso, há poucas iniciativas institucionais abertas ao público ou que estreitem os laços com a comunidade. 
 
Os cursos que mais oferecem disciplinas de empreendedorismo ainda são as engenharias e ciências sociais aplicadas [administração e outras]. Em contrapartida, outras áreas de conhecimento têm pouquíssima oferta de disciplinas, como as de ciências da saúde e humanas. Uma maneira de ampliar o acesso a elas seria permitir que sejam frequentadas por alunos de diferentes cursos, por exemplo. A troca é importante para aumentar o acesso às disciplinas e também para que o aluno conheça outros estudantes de diferentes formações e referências. Empreender é uma prática interdisciplinar, e muitos futuros sócios ou parceiros podem se encontrar em disciplinas de empreendedorismo.
 
Mudança de cenário
Apesar de tudo, algumas universidades espalhadas pelo Brasil querem mudar o desconhecimento sobre o empreendedorismo como opção de carreira. A cada novo ano escolar, os alunos têm sido estimulados a elaborar planos de negócios, expor ideias em feiras, capacitar-se em workshops, participar de aceleradoras para startups, empresas juniores e incubadoras e, por fim, conversar com investidores para lançar suas próprias empresas.
 
“A evolução da educação empreendedora na universidade acaba sendo um processo longo e demorado. Por exemplo, quando eu estava na graduação, nunca ouvi falar sobre empreendedorismo”, lembra Alice Mesquita*, mestre em Engenharia de Produção. “Hoje em dia há mais iniciativas: As instituições de fato vêm estimulando as discussões sobre inovação em sala de aula e desenvolvendo programas bem interessantes para aproveitar o potencial criativo dos jovens e oferecer orientação especializada”, destaca. 
 
 
*Gerente na Unidade de Atendimento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (Sebrae/CE)