Por onde começar a vida como empreendedor

Buscar informação e capacitação, estudar o mercado e o negócio são etapas importantes antes de começar, de fato, a empreender

17:11 | Ago. 24, 2018

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O desejo de alcançar a realização profissional ou de superar os desafios do mercado de trabalho levam mais e mais pessoas a buscarem o caminho do empreendedorismo. Este é o caso de Almino Loiola. Depois de 16 anos trabalhando como colaborador em uma empresa, um projeto que já tinha há três anos saiu do papel e virou um negócio. “Trabalhava como executivo em um grupo [empresarial] aqui do Ceará e sempre percebi que a carreira dentro da empresa tem um teto, um patamar e, ao atingi-lo, não tem pra onde ir. Sempre entendi que empreender seria um caminho natural”, conta.
 
O primeiro passo foi buscar informação e identificar como poderia se capacitar para tocar o negócio. “Eu tinha essa ideia que acreditava ser interessante e tinha potencial. Fui estudando, buscando entender o segmento, o negócio e o mercado. Como optei por uma franquia por já ter um modelo consolidado, também viajei para entender mais sobre ela. Resolvi esse ano, de fato, abrir a empresa”, explica Loiola sobre o processo de implantação da Crtl%2bPlay Escola de Programação e Robótica para crianças e adolescentes, aberta em agosto de 2018.
 
Após a fase inicial de estudos, foi a hora de buscar recursos. “Montei o projeto baseado no conceito da franquia, fiz as contas para ver se o negócio era realmente viável e se eu poderia arcar com capital próprio ou precisaria de um financiamento. Com confiança de que os números fechavam, comecei o processo de implantação”, afirma.
 
Cenário no Brasil
Dados do relatório Empreendedorismo no Brasil - Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram a situação no Brasil.
 
De acordo com a pesquisa, a taxa total de empreendedorismo no País em 2017 foi de 36%, o que significa que mais de 49 milhões de brasileiros de 18 a 64 anos estiveram na condução de alguma atividade empreendedora, como a criação ou aperfeiçoamento de um novo negócio ou a manutenção de um negócio já existente. O estudo mostra ainda que, dentre os empreendedores iniciais, 59,4% empreenderam por oportunidade e 39,9%, por necessidade.
 
Primeiros passos
Identificar uma oportunidade de negócio é ponto de partida. “A decisão por empreender geralmente acontece por dois motivos: por necessidade, quando uma pessoa está desempregada, por exemplo; ou por oportunidade, quando uma pessoa enxerga uma oportunidade de negócio e investe nela. Normalmente, quem empreende por oportunidade, [o negócio] se desenvolve melhor do que os que empreendem por necessidade, principalmente pela questão do planejamento”, explica o articulador do Sebrae/CE Jonny Oliveira.
 
Após identificar uma oportunidade de negócio, o futuro empreendedor deve fazer um estudo de mercado, definir um público-alvo para seu produto — determinar seu nicho por faixa etária, gênero, localização etc. — e fazer um estudo da parte financeira. “O estudo financeiro é uma parte chata, mas necessária. Levantamento de custos, mão de obra, aluguel e demais despesas. É preciso ter tudo isso na ponta do lápis para a formação do preço de venda. É uma deficiência que a gente percebe nos empreendimentos. Não ter esse controle pode ocasionar prejuízos”, afirma Oliveira. Plano de negócios e modelo de negócio também são etapas que requerem atenção.
 
Qual é a categoria da minha empresa?
Outro ponto importante para quem está iniciando no mundo do empreendedorismo é entender em qual categoria o seu negócio se encaixa. As categorias mais simples são o microempreendedor individual (MEI), a microempresa e a empresa de pequeno porte, diferenciadas de acordo com o faturamento anual. Os três tipos de empresa podem optar pelo regime tributário Simples Nacional, que permite a unificação de tributos federais, estaduais e municipais em uma única guia. 
 
O microempreendedor individual (MEI), por exemplo, tem menor burocracia para a abertura de uma empresa e pode fazer seu registro pelo site portaldoempreendedor.gov.br. Entre as condições para a categoria, está o faturamento anual máximo de R$ 81 mil, não ser sócio ou titular de outra empresa e a possibilidade de contratação de um único funcionário. Além disso, o MEI não é obrigado a contratar contador.
 
No caso das microempresas, o teto do faturamento é de R$ 360 mil por ano. Nesta categoria, é necessário ter um contador e o microempresário pode optar pelo Simples Nacional ou por outro regime tributário. Além disso, o processo de abertura é mais complicado, sendo necessário buscar a prefeitura municipal, junta comercial e providenciar licenças e alvarás.
 
Já a empresa de pequeno porte deve ter faturamento anual máximo de R$ 4,8 milhões. A categoria também deve ter um contador e pode optar pelo regime Simples Nacional, desde que sua atividade que exerce seja elegível para tal, ou por outro regime tributário. O processo de abertura também exige registro na junta comercial, na prefeitura e a providência dos documentos necessários.
 
Capacitação
Para ter mais informações e orientações, é importante pesquisar bastante e procurar instituições e cursos especializados no assunto. Um deles é o Empretec, metodologia criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para fortalecer as habilidades do empreendedor. No Brasil, o Sebrae é a entidade chancelada para ministrá-lo, capacitando cerca de dez mil pessoas por ano.
 
“Como executivo de um grupo grande, sempre fui exposto a diferentes experiências ao longo da carreira. Isso fez com que eu acreditasse que eu já tinha bastante experiência. O Empretec me mostrou que eu ainda tinha muita coisa a aprender, que eu ainda tinha comportamentos que não eram ideais, que eu precisava me informar mais, ter maior preocupação com aspectos que talvez eu não pensava tanto antes”, afirma Almino Loiola.