Entenda a importância de validar o modelo de negócio

Ao consultar os possíveis consumidores do serviço ou produto a ser lançado, o empreendedor pode economizar tempo e recursos

09:17 | Ago. 30, 2018

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Antes de tirar a ideia do papel, há uma etapa à qual nem sempre os empreendedores estão atentos: a validação do modelo de negócios. Este estágio envolve entrar em contato com potenciais clientes para saber se ideias e hipóteses pensadas para a empresa são bem-aceitas por eles. Com as informações recebidas, evita-se fazer investimentos de tempo e de recursos em projetos que, futuramente, deverão ser alterados.
 
Conforme explica o mestre em Administração de Empresas e professor universitário João Moisés Brito, a validação é o momento em que o empreendedor buscará ratificar informações trabalhadas no modelo de negócio — até então baseadas em suas próprias hipóteses e vivências — e saber se a proposta atende ou não às necessidades do possível consumidor. “Quando o empreendedor volta com a informação, sempre é uma descoberta nova daquele nicho que ele não estava prestando atenção, daquela solução, daquela necessidade do cliente específica que ele não tinha notado.”
 
A etapa, que pode ser realizada tanto em negócios tradicionais quanto em startups, fornece informações com as quais é possível modificar o projeto, se for necessário. Porém, segundo pontua Brito, nem sempre os pequenos empreendedores têm a paciência necessária para realizá-la. “Geralmente, já abrem a empresa, não perguntam muito aos clientes o que eles querem e, durante o voo, como chamamos, vão tentando alterar alguma coisa que percebeu já com a loja aberta. A validação é [feita] justamente para antever esses gastos.”
 
Estratégia de validação
O Produto Mínimo Viável (Minimum Viable Product, em inglês), ou MVP, é uma maneira de apresentar o produto ou serviço ao cliente, de forma simplificada, para validação. Conforme explica o professor universitário, mesmo sem todas as atribuições do produto final, ele deve atender às necessidades do cliente. “Digo para meus alunos que um controle de televisão não precisa ter vinte botões, em princípio. Precisa, logo no início, ter pelo menos os botões de ligar e desligar, do volume, dos canais”, exemplifica.
 
Não há um único formato para criar o MVP. Ele pode ser uma versão reduzida do produto ou um vídeo de apresentação do projeto — como foi o caso do Dropbox, plataforma de arquivos em nuvem. Dessa forma, João Moisés acrescenta que não é necessário dar início ao projeto “com a loja a pleno vapor”. O produto ou serviço pode ser testado e, posteriormente, desenvolvido. “Geralmente, trabalho com pequenos empreendedores, que têm recursos muito limitados. Então, o que dá para começar amanhã, que seria esse mínimo produto viável?”, coloca o questionamento.
 
Outra possibilidade para apresentar o serviço ao cliente, conforme indica Brito, é utilizar desenhos para expressar a ideia a ser validada, ainda antes da apresentação do MVP. “É justamente ter um protótipo, algo para que o cliente diga ‘era isso que eu queria’ ou faça alguma alteração. Tudo antes de o cara investir”, explica. Pode ser mostrada, por exemplo, a experiência que será vivida ao conhecer a empresa, ao usufruir do serviço e após esse momento.
 
 
*João Moisés Brito é consultor e instrutor do Programa Começar Bem, projeto do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (Sebrae/CE) que orienta pessoas que estão iniciando um novo negócio.