Futura Trends 2025: especialista destaca educação e políticas públicas para um ambiente digital saudável

Especialista Marco Aurélio Ruediger, da FGV, alerta que redes sociais exigem regulamentação e educação para reduzir riscos psicológicos e sociais entre jovens

10:54 | Ago. 26, 2025

Por: Estudio O POVO
Marco Aurélio Ruediger, diretor da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV, é um dos palestrantes do Futura Trends 2025 (foto: Divulgação)

O avanço das redes sociais no Brasil transformou radicalmente a forma como cidadãos se relacionam com a política, mas também abriu espaço para novas vulnerabilidades. Campo minado para crianças e adolescentes, os ambientes digitais só serão mais saudáveis quando houver a regulamentação de políticas públicas para evitar manipulações algorítmicas disfarçadas e uma mudança significativa na base educacional do país.

Essa é a avaliação do diretor diretor da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Aurélio Ruediger, um dos palestrantes confirmados no Futura Trends 2025, um dos maiores seminários de formação executiva do Nordeste. Neste neste ano, o tema discutido será “Saúde mental e novas tecnologias: transformando ansiedade em poder”. O evento, organizado pelo Grupo de Comunicação O POVO, acontece no dia 28 de agosto, no Teatro RioMar Fortaleza.

Doutor em Sociologia, Ruediger é referência nacional no estudo da relação entre tecnologia, política e sociedade, e vem alertando para o poder das redes sociais no Brasil, que define como o “quinto poder”. Segundo o especialista, esse fenômeno é irreversível, mas exige cuidado diante dos riscos de manipulação algorítmica disfarçada de mobilização popular. Para ele, a criação de políticas públicas e regulamentações mais eficazes deve passar por um olhar atento da educação.

“É preciso rever as grades curriculares e preparar os jovens não só para o mercado de trabalho, mas também para compreenderem a privatização do uso de múltiplas plataformas e os impactos de expor dados e imagens. A Lei Geral de Proteção de Dados é fundamental nesse processo. Países da Europa já estão inserindo essas preocupações desde o ensino fundamental e médio. O Brasil precisa avançar nessa direção”, afirma.

 

Efeitos colaterais das redes

O pesquisador também alerta para os efeitos psicológicos das redes sociais, especialmente entre adolescentes. Para ele, ambientes digitais mais saudáveis só podem ser construídos a partir da base educacional e do fortalecimento da sociedade civil.

“Não se trata apenas de criar regras para plataformas, mas de formar cidadãos preparados para lidar com essa realidade. É um debate urgente, porque as tecnologias estão transformando de forma acelerada a forma como nos relacionamos”, observa.

Esse alerta ganha força diante da pressão que os algoritmos exercem sobre adolescentes e jovens adultos. A lógica das plataformas, baseada na maximização do engajamento, potencializa conteúdos que podem gerar dependência, ansiedade e distorções na percepção da realidade. Para Ruediger, não basta esperar que cada usuário crie sozinho mecanismos de defesa: a sociedade precisa assumir essa tarefa coletivamente.

“É fundamental que desde cedo os jovens entendam a complexidade do impacto que esse ambiente pode ter em suas vidas. Essa é a base para construirmos sociedades mais democráticas e menos vulneráveis à manipulação”, observa.

Ao longo de sua participação no Futura Trends, Ruediger pretende provocar reflexões que unam o olhar histórico às transformações atuais. “Minha intenção é colocar em perspectiva as transformações dos últimos 20 anos e como inteligência artificial e redes sociais estão criando múltiplas realidades. Quero que o público saia com mais clareza sobre o que estamos vivendo e preparado para pensar soluções coletivas”, antecipa.


Futura Trends 2025

Quando: 28 de agosto, às 13h30
Onde: Teatro Rio Mar Fortaleza
Mais informações: seminariofuturatrends.com.br/fortaleza