Home office: trabalho, vida pessoal e crescimento profissional

Como manter o equilíbro na rotina do trabalho à distância

23:16 | Out. 27, 2020

É possível manter o foco sem perder a direção de si (foto: Getty Images)

Acordar, tomar café da manhã, arrumar os filhos pra escola, preparar as lancheiras, deixar os meninos na escola para só então pegar o caminho rumo ao trabalho. Descrita assim dá até uma certa canseira, mas esta sempre foi a rotina de muita gente antes da pandemia. Porém o dia a dia pós chegada da Covid-19 ao país mudou, em maior ou menor proporção, pra todo mundo. Repentina, as mudanças impactaram a vida social, afetiva, educacional e profissional dos brasileiros.

Agora, ao invés de toda essa sequência cadenciada de ações, com as aulas remotas a tarefa de arrumar os filhos e levá-los até a escola, foi riscada da lista. Para quem manteve o trabalho à distância, o deslocamento também foi deixado de lado. Sem o desperdício de tempo com o trânsito, o profissional pôde iniciar os trabalhos mais cedo ou até mesmo aproveitar o tempo livre para se exercitar, ler um livro, enfim, adotar novos hábitos.

Mas para se adaptar ao novo ambiente de trabalho, onde a casa se transmutou do dia pra noite em escritório, muitos percalços precisaram ser superados, até mesmo para alguém como a Mila (nome fictício de nossa personagem), que já tinha experiência com o home office: “Como tenho 2 filhos (um bebê e uma de 6 anos) o início foi bem complicado. Na verdade ainda é algo que requer muita organização e diálogo. Cheguei a uma conclusão que, com uma criança de 6 anos em casa, em isolamento social, trabalhar de casa significa saber que vou ser interrompida com frequência. Para atividades que requerem uma concentração mais estendida eu deixo o horário noturno, quando já estão dormindo”, conta a servidora pública.

O que diz a lei sobre o Home Office
Apesar de novo pra muita gente, o home office já vinha sendo praticado por diversas empresas no país, tanto que a Lei 13.467/2017, que versa sobre Reforma Trabalhista, destinou um capítulo inteiro para a regulamentação do teletrabalho, por meio de contratos realizados entre empregadores e empregados. A Lei não muda os demais benefícios previstos na CLT como 13º salário e férias, mas muda, por exemplo, as tratativas sobre as horas extras, como serão tratadas e como serão definidas as estruturas de trabalho do empregado: “Essa legislação trata de uma relação contratual entre trabalhadores e empregadores e regulamenta, através de contrato, o trabalho à distância ou trabalho home office”, como explica o sociólogo Eduardo Neto. Este ano, por conta da pandemia, o Governo Federal editou a medida provisória 927/2020 em que regulamenta, provisoriamente, a situacão de trabalho em casa para aqueles trabalhadores onde não havia essa relação de contrato. A MP vigora até o fim do estado de pandemia no país.


Desafios do trabalho à distância:
Para Eduardo Neto os desafios são muitos, tanto para o empregador quanto para o empregado. O primeiro deles é estabelecer a relação contratual de forma que não haja precarização ou exploração do trabalho humano, para além daquilo que foi contratato: “outro desafio é como que as empresas vão mensurar o resultado dos trabalho, das entregas de seus trabalhadores e ainda medir o crescimento desse trabalhador na escala profissional”, pondera. Para o empregado, a lista a ser superada também não é pequena: dificuldade da convivência com os colegas, baixo nível de interação social, a necessidade de interagir através de ferramentas tecnológicas e saber utilizá-las, e ainda exercer a auto disciplina e a gestão do tempo para garantir produtividade e, ao mesmo tempo, destinar um período do dia para dedicar às atividades domésticas, a família e a si mesmo.

Para a psicóloga Meirijane Anastácio, a empresa deve buscar, antes de tudo, gerar ambiente e clima organizacional favoráveis ao engajamento. Lideranças compreensivas que estejam sensíveis e atentos aos sinais fazem toda diferença. “Nunca a área de Recursos Humanos foi tão requisitada e desafiada a trabalhar buscando gerar relações mais saudáveis, mas de nada irá adiantar se os líderes e a alta administração não atuarem de forma agregadora”, enfatiza.

Outro grande desafio é a gestão do tempo. Pesquisas já dão conta, por exemplo, da produtiva no trabalho à distância, em que empregadores e empregados relatam uma melhora nos resultados de entrega. Na outra ponta, porém, é preciso conseguir gerenciar a rotina para se ter uma visualização clara do tempo gasto com o trabalho, não esquecendo que os momentos de pausa, de troca com a família são tão importantes quanto os resultados dos relatórios da firma. A Mila, lá do início da matéria, já criou uma dinâmica para não cair na armadilha do full-time: “Tento manter o mínimo de rotina, com horário para início e fim das atividades, interrupções pontuais para almoço e lanche. Está sendo muito importante organizar uma lista de coisas a fazer, para que não fique o todo tempo me sentindo na obrigação de estar trabalhando”.


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