Técnica permite tratar calvície sem deixar cicatriz

Alternativa ao procedimento convencional, o implante capilar sem cortes é realizado com retirada de cada unidade de cabelo, proporcionando recuperação mais rápida e evitando cicatriz

08:00 | Ago. 01, 2017

Homem vestindo blusa com padronagem xadrez azul e branco, posicionado de lado, penteando o cabelo e sorrindo (foto: )

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Com o passar dos anos, muitas pessoas percebem os fios de cabelo caírem ou se tornarem mais ralos. Para resolver o problema, homens e mulheres vão a consultórios médicos em busca de implantes capilares. A técnica Follicular Unit Extraction (FUE), ou extração folicular unitária, permite que a intervenção cirúrgica seja realizada sem cortes e, consequentemente, sem deixar cicatriz.

Diferentemente do implante capilar convencional, em que se retira uma faixa de couro cabeludo na parte posterior da cabeça, o FUE consiste na retirada, com micro punches, de folículos pilosos individuais de uma área doadora – geralmente a região occipital, próxima à nuca – que serão implantados na receptora. Nos dois casos, o resultado final é o mesmo. Porém, "em relação à área doadora, tem um detalhe estético, porque vai ficar sem a cicatriz", aponta o cirurgião plástico Harley Cavalcante, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica.

Antes e depois do implante

O processo do implante capilar, tanto com o uso da técnica clássica quanto do FUE, é um procedimento cirúrgico. Dessa forma, antes de realizá-lo, é necessário que se tome cuidados pré-operatórios básicos. Conforme explica o médico, por exemplo, o uso de alguns tipos de medicamentos, como antiinflamatórios não-esteroidais, deve ser interrompido e exames devem ser realizados para atestar que o paciente está em boas condições de saúde física e mental. "Se o paciente tiver problemas de saúde, é preciso resolvê-los antes para se fazer uma cirurgia com níveis de segurança adequados", afirma.

A preparação para a cirurgia exige também cuidados com a região do couro cabeludo. Nessa fase, se for necessário, é importante ter acompanhamento multiprofissional, como em um time. "Caso o paciente tenha seborréia de couro cabeludo ou alguma patologia como líquen plano, deve passar por acompanhamento dermatológico. Isso também é fundamental", alerta o médico. Outro passo é raspar o couro cabeludo para que o procedimento possa ser realizado, mas somente a equipe médica realizará este preparo, na véspera do procedimento.

Uma das vantagens do FUE é que, por ser feito sem cortes, a recuperação é mais rápida em comparação ao método clássico. Segundo o cirurgião, tendo cuidado com a exposição solar, em 36 horas o paciente pode voltar às atividades laborais. "A radiação ultravioleta é danosa à área receptora dos enxertos capilares e, geralmente, recomendo esse cuidado por quatro a seis meses." Ele acrescenta que após o processo, é comum haver inchaço, que desaparece em pouco tempo, na área superior da face por conta da anestesia local aplicada.

Resultados

Além de cuidado, o paciente precisa ter paciência. É apenas com um ano, em média, que se tem um resultado definitivo do implante capilar. Mas aos seis meses já é possível ver os primeiros resultados aparecendo. Harley Cavalcante conta também que, nas primeiras semanas, é comum que a parte externa do cabelo caia para, só depois, o fio definitivo nascer. "Muitas vezes, o paciente se espanta, mas, quando o processo começa a acontecer, ele vai se acalmando", comenta.

Para garantir o bom resultado do procedimento a longo prazo, podem ser utilizados medicamentos para aumentar a densidade dos cabelos, mas é fundamental que tenham sidoprescritos por um especialista. Tratamentos dermatológicos, como a indução percutânea de colágeno (IPCA®) com microagulhamentos, podem ser aliadas nessa manutenção. "Eles não servem apenas para o pós-operatório, mas também para prevenção e tratamento de pequenas calvícies que estejam começando a se formar. Hoje, nós já temos uma tecnologia bem interessante", afirma o cirurgião.

Não são todos os casos em que apenas o FUE irá resolver o problema capilar. Médico e paciente devem conversar sobre as necessidades e as perspectivas de resultado. Em casos de um grau elevado de calvície, em que seja necessária a retirada de uma grande quantidade de fios, a solução pode ser utilizar a técnica mista, mesclando a convencional e a sem cortes. "Você tem que ser sensato na forma como vai tirar da área doadora para que você não fique calvo nesta região."