Medicina reprodutiva: uma porta para o sonho de ter filhos

Fertilização in vitro, indução de ovulação e inseminação intrauterina são possibilidades para quem não consegue engravidar naturalmente. Para mulheres que querem adiar a gravidez, o congelamento de óvulos é uma ótima indicação

07:00 | Mai. 21, 2018

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Procedimentos da medicina reprodutiva são cada vez mais oportunidades para que as pessoas que não conseguem engravidar naturalmente realizem o sonho de ter filhos. O número de ciclos de fertilização in vitro (FIV) realizados no País, por exemplo, teve um crescimento de 168,4% no período de 2011 a 2017, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 2018, o primeiro “bebê de proveta”, a inglesa Louise Brown, completa 40 anos.
 

Nos últimos anos, a área teve evolução “avassaladora”, de acordo com o médico Fábio Eugênio, especialista em reprodução humana e sócio da Bios – Centro de Medicina Reprodutiva. “Quarenta anos, em medicina, é muito pouco tempo. Porém, nesses 40 anos, houve um avanço muito grande na medicina reprodutiva. Hoje, conseguimos tratar a grande maioria dos problemas de infertilidade fazendo tratamento de fertilização in vitro”, aponta.

 
Possibilidades de tratamento
O médico cita três procedimentos existentes na medicina reprodutiva. O tratamento inicial é a indução de ovulação, usado para casos em que a mulher tem um distúrbio ovulatório. O tratamento “intermediário” seria a inseminação intrauterina, ao qual normalmente recorre-se em casos de endometriose leve ou alteração leve no sêmen. “Nesse caso é feito o preparo do sêmen e [este] é colocado no útero da mulher”, explica.

 
A outra alternativa é a fertilização in vitro, método que consiste no estímulo ao ovário e coleta dos óvulos da mulher para fertilização em laboratório com o sêmen do futuro pai. Com a formação do embrião, ele é implantado diretamente no útero da mulher. As chances de sucesso do procedimento podem chegar a 60%, 70% por tentativa, podendo variar de caso para caso. No Estado, a primeira criança concebida in vitro nasceu em 1999, em procedimento da Bios, que realiza uma média de 700 FIVs por ano.

 

Novos pais
Casados há 18 anos, a costureira Aldeniza Moreira, 36, e o eletricista Francisco Gediano Freitas Rocha, 42, tentaram, por anos, ter um filho. Sem sucesso, buscaram ajuda em maio de 2017 e, em fevereiro de 2018, deram início ao tratamento para fertilização in vitro com o médico Fábio Eugênio. Atualmente no terceiro mês de gestação, Aldeniza diz que, antes do tratamento, já considerava a gravidez um sonho “quase impossível”. "Estou me sentindo muito enjoada, mas também muito satisfeita. A pessoa mais feliz do mundo aqui sou eu. E ele [o marido] também, do mesmo jeito", conta.

 
Os avanços relacionados à FIV, conforme destaca o médico, são relacionados ao trabalho laboratorial do embrião para se ter maior chance de gravidez. Além disso, é possível estudá-lo para mapear doenças cromossômicas — como a síndrome de Down e a síndrome de Edwards — e gênicas — como hemofilia, fibrose cística. “Hoje em dia, a análise genética do embrião evoluiu muito, e vai avançar mais ainda nos próximos anos, possibilitando que a gente diminua muito o risco de que o casal tenha o bebê com alguma doença genética.”

 

Dificuldades para engravidar
De acordo com Fábio Eugênio, os distúrbios ovulatórios, as doenças das trompas de falópio e a endometriose são as principais causas para a infertilidade na mulher. Já nos homens, o médico cita as alterações na produção de espermatozóides, que podem ser causadas pela varicocele, uma dilatação anormal das veias dos testículos. “Há também a subfertilidade idiopática, aquele casal em que os exames estão todos normais. Essas situações em medicina reprodutiva correspondem a cerca de 15% dos casos”, acrescenta.


 
O médico ainda cita o adiamento da maternidade por parte das mulheres. “Elas estão deixando para engravidar em uma idade mais avançada, depois dos 30, depois dos 35 anos. Esse processo faz com que aumente o número de mulheres com dificuldade para engravidar”, afirma. Nesses casos, o indicado, segundo o médico, é o congelamento dos óvulos. “Podemos fazer uma estimulação ovariana, captar um número de óvulos da mulher e congelar. Com isso, procuramos preservar a fertilidade dela naquela idade.”
 
Este foi o caminho escolhido pela odontóloga Blue Weyne, 40, quando procurou a clínica em maio de 2017. “Sempre tive vontade de ser mãe e com minha idade chegando aos 40 e sem ter encontrado um parceiro ideal para formar família, decidi por congelar meus óvulos para realizar esse sonho”, relata. Entre seus planos está o de ter o primeiro filho ainda em 2018. “E [o procedimento] ainda me dá chances de ter um segundo filho lá na frente”, complementa.


 
Atenção necessária
Manter uma rotina saudável, segundo Fábio Eugênio, também é importante para a saúde reprodutiva do casal. Por isso, tabagismo e bebidas alcoólicas devem ser evitados, e é recomendado praticar atividade física, manter peso adequado para a altura e ter alimentação adequada. “São hábitos importantes durante o processo de tentar engravidar, esteja tentando naturalmente ou fazendo um tratamento de medicina reprodutiva.”