Uso excessivo de mídias sociais pode impactar a saúde física e psicológica

Na adolescência, quando surgem mais curiosidades relacionadas a sexualidade, angústias na escolha vocacional e amadurecimento de habilidades cognitivas e sociais, é importante haver diálogo com familiares e por parte da escola para o acesso ideal às mídias sociais

10:49 | Dez. 27, 2018

Uso excessivo de mídias sociais pode impactar a saúde física e psicológica - Apaixonados por Gente (foto: Apaixonados por Gente)

Em restaurantes, shoppings, academias e diversos outros ambientes, é comum ver pessoas utilizando seus celulares, seja para conversar com amigos ou para tirar e publicar fotografias. De acordo com o relatório "Digital in 2018: The Americas", das empresas We are Social e Hootsuite, com dados de janeiro de 2018, 62% da população brasileira está ativa nas redes sociais e, entre as plataformas mais utilizadas, estão YouTube, Facebook, WhatsApp e Instagram.

Apesar dos benefícios proporcionados pela tecnologia - "como a melhoria de comunicação entre pessoas distantes fisicamente, maior acesso a informações e estudo de pesquisas científicas" -, a psicóloga do Hapvida, Raíssa Serpa, explica que o uso excessivo pode prejudicar aspectos como habilidades sociais. Além disso, em meio ao consumo de conteúdos em plataformas digitais, aspectos cognitivos também podem ser impactados, uma vez que "nem todas as informações são processadas e interpretadas de forma profunda". "O excesso de conteúdo acessado e lido de forma superficial nas mídias sociais pode gerar uma dificuldade de memorização e de atenção a conteúdos que realmente são interessantes de serem aprendidos", afirma.

É preciso moderação

A modelo Brena Pereira, 20, conta que utiliza o celular para resolver assuntos profissionais, como divulgar o trabalho e as empresas com as quais tem parceria, além de compartilhar momentos com os amigos e se distrair nas horas vagas. Porém, com o tempo, percebeu que o uso em excesso passou a ter impactos negativos no seu corpo. "Acabou se tornando um vício e trazendo desconforto constante no corpo, devido à má postura", conta.

Além do sintoma físico, a jovem relata que o costume a levou a sentir desgaste mental e a ter crises de ansiedade. "Busquei ajuda com amigos e familiares e passei a ter um contato pessoal com eles a mais, deixando de lado as redes sociais." À procura de uma solução, resolveu limitar o tempo de uso para questões "essenciais" e começou a praticar pilates para melhorar a postura.

Para preservar a saúde mental

Segundo a psicóloga Raíssa Serpa, publicações nas mídias sociais com exposição do corpo, de consumismo ou de sentimentos de alegria podem ser prejudiciais tanto para quem as vê quanto para quem as publica, “pois, no cotidiano, é muito difícil manter a beleza e a felicidade a todo instante”. Para Raíssa, pessoas que estão passando por quadro de transtorno mental precisam ter mais cuidado com o conteúdo que acessam nas redes sociais. "Algumas mensagens ou vídeos expostos podem ser interpretados e incorporados pela pessoa de forma mais intensa devido à sensibilidade emocional do momento", explica.

Não há uma única regra para que a tecnologia seja utilizada de forma saudável. "É interessante que haja a reflexão interna do limite de cada pessoa, que pode ser feita pela análise do próprio corpo, se ele está apresentando sintomas físicos ou, até mesmo, psicológicos em decorrência do uso de tecnologias."

Ao longo da vida

As pessoas estão expostas de formas distintas aos impactos do uso de aparelhos tecnológicos nas diferentes idades. As crianças, por exemplo, podem não estar maduras o suficiente para entender o contexto virtual e necessitam de supervisão de adultos. "Na infância, o pensamento crítico e abstrato ainda está em processo de maturação. É importante que os responsáveis supervisionem os conteúdos e jogos assistidos pelas crianças, pois [elas] podem interpretar mensagens de forma equivocada e estar mais vulneráveis a influências de comportamentos 'vendidos' como 'normais' a serem seguidos."

Na adolescência — período que, segundo a psicóloga, pode envolver curiosidades relacionadas à sexualidade, angústias na escolha vocacional e amadurecimento de habilidades cognitivas e sociais —, é importante haver diálogo com familiares e por parte da escola. "Este público já tem potencial para formular críticas e pensar além do conteúdo assistido ou lido, porém essa criticidade deve ser estimulada em diversos contextos que ocupa e, na medida do possível, é interessante que os responsáveis saibam que sites, fontes e redes sociais os adolescentes acessam."

Para os adultos, que podem ser beneficiados cognitiva e profissionalmente pela tecnologia, Raíssa afirma que "é importante fazer uma autoavaliação de quais informações são saudáveis ao estado emocional e quais fontes são confiáveis e analisar o que pode agregar às [suas] habilidades". Já os idosos podem ter na tecnologia uma aliada para despertar aspectos cognitivos por meio de jogos ou atividades que trabalhem pontos como atenção, memória, percepção e audição.