Síndrome do pânico: será que eu tenho?

Caracterizada por acessos de ansiedade junto a um medo excessivo, a síndrome do pânico exige acompanhamento próximo de especialistas para tratar a condição

07:00 | Dez. 25, 2018

Síndrome do pânico (foto: Apaixonados por Gente)

Os primeiros momentos foram de sustos intensos para a jornalista Beatriz Nunes. Entre outubro e novembro de 2017, a jovem foi levada seis vezes ao hospital com sintomas de infarto. Na sétima ocasião, o médico responsável foi em busca dos exames prévios de Beatriz e observou que os mesmos sintomas estavam ocorrendo das outras vezes. A partir daí, ao buscar a orientação de um psicólogo e um psiquiatra, a jornalista foi diagnosticada com síndrome do pânico.

“Na sétima entrada, para minha surpresa, o médico que me atendeu tinha sido o mesmo que tinha me dado a notícia da morte do meu pai. Então, ao entrar no consultório, tive uma crise de choro e expliquei que o fato tinha sido por lembrar da perda do meu pai”, conta. Nos meses anteriores a morte do pai, Beatriz também testemunhou a morte de uma das melhores amigas, além de outro amigo também ter perdido a vida.  

De acordo com a psicóloga Raíssa Serpa, os fatores que levam ao desenvolvimento da síndrome do pânico são difíceis de identificar, pois, às vezes, pode surgir de forma “desconexa com os eventos da realidade atual, podem haver questões inconscientes”. Contudo, eventos de longo período de estresse podem levar à doença, que é classificada por acessos intensos de ansiedade, com sintomas de taquicardia, medos, preocupações excessivas e aparentemente infundadas, sudorese e tonturas, conforme explica Raíssa.

“[A síndrome] pode prejudicar as atividades de lazer e profissionais, pois, muitas vezes, é apresentado medo de sair de casa. Por isso, as pessoas com as características desse diagnóstico têm que se afastar do ambiente de trabalho, o que pode ocasionar baixa autoestima e frustração”, comenta Raíssa. Sintomas depressivos também podem ocorrer junto à síndrome.

No caso de Beatriz, os sintomas psicológicos vinham na forma de uma angústia constante e inquietação. Já os físicos eram caracterizados pelo aumento dos batimentos cardíacos, da pressão, além de dormência e formigamento no braço, junto à falta de ar. “É tudo muito rápido, só dá tempo de ter certeza que você vai morrer, porque o medo toma conta de você de uma forma incontrolável.”

Para se recuperar, a jornalista conta que o apoio da família foi fundamental para auxiliar na redução das crises. “Nesse processo, acabei casando e meu marido é extremamente paciente comigo. Ele tem problemas de ansiedade, então um ajuda o outro. Vamos à terapia juntos. Minha vida mudou. A doença me ajudou a parar de beber, por conta dos remédios, e a parar de fumar. Acrescentei atividade física, até mesmo por indicação da psiquiatra e do psicólogo por conta da liberação de hormônios que causam sensação de bem-estar”, relata.

O profissional de educação física Vilson Borges acrescenta que um dos benefícios da prática esportiva para a síndrome do pânico envolve também o aspecto da sociabilidade, pois permite que os pacientes ganhem confiança ao lidarem com outras pessoas. “Recomendo também um acompanhamento de um personal, que possa estar junto do paciente, para avaliar essa necessidade de progredir ou não”, conta.