Lentes de contato: atenção com o uso

Apesar da praticidade, uso das lentes de contato precisa de atenção com a higiene por parte dos pacientes, para que não ocorram infecções

07:00 | Dez. 19, 2018

Lentes de contato (foto: Apaixonados por Gente)

Quem nunca esqueceu de tirar a lente de contato na hora de dormir, ou até mesmo não limpou de forma adequada? Por estarem juntas ao globo ocular, elas devem ser capazes de passar uma oxigenação adequada ao órgão. Caso ocorram problemas de limpeza, lesões, como úlceras, podem surgir nos pacientes.

Conforme explica o oftalmologista Sisley Jean, os problemas mais comuns relacionados ao uso das lentes estão na adaptação a elas ou com o material utilizado para a produção do objeto. O especialista relata casos em que ocorre apenas conversão de uma receita de óculos para lente, o que não resolve o problema do paciente. “Em relação a questão de adaptação, o mais importante é se a lente é gelatinosa ou rígida. Se a lente é rígida, tem que ser bem adequada em relação a córnea. Isso é feito no consultório oftalmológico, com lentes de teste. Fazendo dessa forma, não teremos problemas de adaptação”, conta.

Acerca dos cuidados que os pacientes devem manter com as lentes, o especialista reforça o aspecto da higienização diária. No caso, tanto as lentes rígidas quanto gelatinosas precisam de soluções específicas para armazenamento. No passado, Jean explica que era mais comum ocorrerem casos de perdas dos objetos, pelo longo tempo que se passava com o mesmo par. “Hoje em dia, com o advento da lente de troca programada, elas duram de um mês a um mês e pouco. O paciente precisa apenas descartar e pegar a lente nova.”

Um erro comum dos usuários de lente é a prática de dormir com o objeto. O oftalmologista conta que o hábito, em longo prazo, pode acarretar no desenvolvimento de uma úlcera córnea, pois a lente, combinada com o olho fechado, impede a oxigenação correta do órgão.

No caso da estudante Gabriella Farias, o uso das lentes durou apenas cinco meses. Além do hábito de dormir com o objeto, Gabriella também não realizava a higienização adequada. Depois de um tempo, um incômodo constante no olho direito começou a surgir, decorrente de uma úlcera, que a impedia de olhar para qualquer luz direta. “Teve um dia que começou a aparecer essa crosta branca no meu olho. Eu fui ao hospital e já não estava enxergando pelo olho direito, só pelo esquerdo”, relata.

Com o ocorrido, Gabriella começou a realizar um tratamento para recuperar a visão, que voltou após quatro dias. Apesar de ter se recuperado, a estudante, diagnosticada com miopia e hipermetropia, permanece com uma cicatriz no olho e foi desaconselhada a utilizar lentes novamente.

Sisley Jean também avalia que o paciente não deve esperar que a lente comece a ficar desconfortável no olho para realizar a troca. No caso das gelatinosas, o prazo comum vai até 45 dias. “Se você esperar que a lente se torne desconfortável, isso vai estimular o sistema imunológico e pode criar uma situação em que você não mais consegue colocar a lente, pois ele [o sistema] pode reconhecer aquele material como agressor”, encerra.