Um novo olhar para quem cuida do trânsito

06:00 | Dez. 14, 2019

Com 17 anos de atuação para melhora do trânsito de Fortaleza, Disraelli Brasil comenta sobre mudanças, uso de tecnologia no serviço e a percepção dos profissionais perante a sociedade (Foto: Júlio Caesar) (foto: JÚLIO CAESAR)

A visão de um agente de trânsito próximo a um veículo nem sempre desperta as melhores sensações na população. O estigma de serem profissionais responsáveis por trazer dívidas adicionais para o cotidiano ainda persegue os servidores da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). Contudo, a atual gestão do órgão busca mostrar que o foco está em, além de aplicar a lei de forma correta, realizar um trabalho de conscientização para um trânsito mais seguro.

Com 17 anos de experiência como agente de trânsito, Disraelli Brasil foi aprovado no concurso da Autarquia, em 2002. Popular em Fortaleza pela quantidade de entrevistas dadas a diferentes veículos de comunicação da Cidade, o hoje gerente de Operação e Fiscalização do órgão defende a importância da compreensão de que o agente busca garantir a segurança do cidadão.

Acerca das mudanças que viu com o passar dos anos, o gerente explica que, em 2002, solicitar a documentação de um motorista não era atribuição da AMC, por exemplo. Entre as funções atuais de maior destaque, Disraelli elenca as fiscalizações voltadas para a Lei Seca e as específicas para irregularidades nas vias, como calçadas com a presença de materiais de comércio.

Dessa forma, o trabalho do agente de trânsito não se limita a multar ou remover veículos em condições inadequadas nas ruas. Com o apoio da tecnologia, as fiscalizações se tornaram mais ágeis e assertivas. No caso de batidas sem vítimas, por exemplo, todo o encaminhamento pode ser realizado pela internet, com uso do aplicativo da Autarquia, sem a necessidade da presença de um agente. Já as câmeras de videomonitoramento permitem que multas sejam aplicadas sem a necessidade de deslocamento físico.

“Muitas vezes, a população quer do agente que, no momento do cometimento de uma infração, ele venha educá-lo. Mas só que ele precisa agir dentro do que prevê a lei”, explica o gerente em relação às aplicações de multa.

Ele explica que o efetivo da AMC está dedicado a fazer atendimentos à população e também fiscalizar. “A função de salvar vidas não se refere apenas ao seu papel de fiscalizar. A simples presença do agente, seja para orientar, disciplinar o tráfego ou ainda para dar suporte ao transporte de órgãos entre hospitais (atividade que muitos desconhecem), já está contribuindo para que vidas sejam salvas.”

O gerente também comenta que as atividades da Autarquia são voltadas para a segurança viária. Dessa forma, é preciso tomar medidas que são “antipáticas para a população”, define Disraelli. Dentre as práticas que trazem benefícios para a segurança, mas nem sempre são bem vistas, estão a readequação de velocidades nas vias, implantação de semáforos, ciclofaixas e outros.

Parte dessa percepção negativa, comenta, ocorre pela convenção de que as ruas e avenidas da Cidade são desenvolvidas somente para carros. “Estamos vivendo um momento de mudança, quebra de paradigmas. E, muitas vezes, é o agente que absorve essa carga da população. Seja positiva ou negativa.”

Além do trabalho como gerente, Disraelli também é responsável pelos treinamentos de outros agentes de trânsito, tanto da AMC quanto de outros órgãos. “Antes, [o agente] era mais para atender colisões, para remover interferência da via, ou quando o semáforo estivesse apagado. Hoje, não. Tem um papel de agente transformador, que é o de salvar vidas. Dentro disso, o agente de trânsito ganhou muita importância”, reflete.