Febraban comunicou até agosto 40 mil operações suspeitas ao Coaf
De acordo com Portugal, o setor bancário é muito ativo no fornecimento de dados relevantes para autoridades públicas no que se refere a prevenção à lavagem de dinheiro. Os esforços ficam evidentes no alto índice de resolução do setor bancário, o maior entre os que enviam comunicações ao Coaf, afirma Portugal: 17% das comunicações se transformam em algum tipo de investigação.
O executivo atribui esse desempenho aos recursos tecnológicos de altíssima qualidade empregados no setor e à adoção de regras rígidas de controle. "Temos a cada ano aperfeiçoado as maneiras de enfrentar esse desafio, é um aprendizado constante".
Durante sua fala no evento, o presidente da federação também afirmou que enxerga como bem-vinda a transformação digital nessa área. Das 65 bilhões de transações bancárias realizadas em 2016, 57% foram feitas por meio de mobile ou internet banking. Já existem hoje 1 milhão de contas no Brasil que foram abertas integralmente pelos meios digitais, e a expectativa é de que esse número dobre, afirmou Portugal.
Consulta pública
O presidente do Coaf, Antonio Gustavo Rodrigues, afirmou que entrará em consulta pública uma norma que obriga pessoas físicas e jurídicas a comunicar à Receita Federal o pagamento em espécie de valores de R$ 30 mil ou superiores.
Também estão sendo estudadas iniciativas mais radicais, inspiradas em países como Portugal e Espanha, que já adotam normas que proíbem o uso de dinheiro para pagamentos em torno de 2 mil a 3 mil euros, disse Rodrigues.
Para ele, ainda que as inovações tecnológicas no sistema financeiro possam trazer riscos, o maior problema hoje é o uso de uma tecnologia "antiga": o dinheiro em espécie. Dificultar essas movimentações é uma prioridade no momento, diz ele.
"Não faz sentido, em um dos sistemas financeiros mais modernos do mundo, ainda termos gente que se baseia e usa dinheiro em espécie", afirmou, também durante o 7º Congresso de Combate e Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo.
Ele citou como exemplo a declaração de bens de candidatos à última eleição, que trouxe volumes bilionários em dinheiro em espécie declarados ao TSE. Para ele, isso representa uma espécie de "seguro", caso essas pessoas sejam acionadas pela polícia. "Se a camada mais pobre da população recebe no cartão se referindo aos beneficiários da Bolsa Família, por que alguém precisaria ficar carregando tanto dinheiro? Certamente para coisa boa não é."