Economia do Nordeste tem dependência de transferências governamentais, aponta estudo

No comparativo com o restante do Brasil, o Nordeste apresenta valores acima da média, que é de 84,2%. A região centro oeste é a que tem menor índice, com 79,2%

22:20 | Jul. 13, 2025

Por: João Victor Dummar
FORTALEZA-CE, BRASIL, 12-03-2024: Feirinha da Beira Mar. Economia Comércio na Beira Mar, Prefeitura divulgou que comércio na Beira Mar gera R$ 4 milhões por dia. (Foto: Aurelio Alves/O Povo) (foto: Aurelio Alves)

O novo Boletim Macro Regional - Nordeste publicado nesta sexta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), analisa que os municípios do nordeste são os que mais dependem de transferências intergovernamentais.

Segundo os dados do estudo, menos de 10% das receitas recorrentes dos municípios nordestinos são de arrecadação própria, nos tributos locais. Com relação a verbas do governo nas receitas recorrentes, o número chega a 90,2%.

Isadora Osterno, pesquisadora e Coordenação Geral e Técnica do Boletim Macro Regional, contou ao O POVO que o número é alarmante e chama bastante atenção.

A pesquisadora afirma que o dado se dá provavelmente pela baixa dinâmica econômica nos municípios: "O primeiro ponto é a provável baixa dinâmica nesses municípios, quando um município tem uma baixa atividade econômica, isso afeta diretamente a sua capacidade de geração de receita e consequentemente a arrecadação posterior".

Dados a Secretaria do Tesouro Nacional (2023) revelam que a arrecadação de receita própria do Nordeste é de R$ 44,68, muito menor do que as do sudeste e sul, R$ 101,31 e R$ 145,66 respectivamente.

Além da questão econômica, a infraestrutura do município pode afetar a eficiência arrecadatória, o que retroalimenta os demais fatores, completou.

Perguntada sobre as causas dessa dependência, Osterno afirmou que a alta informalidade no mercado de trabalho e o baixo nível de renda e fator crucial para esse dado.

A especialista destacou o nordeste como uma "economia que tem base nos serviços", indicando que em caso de melhoria da dinâmica e consequentemente de mais receita, "o estado pode melhorar suas ferramentas de eficiência, entregando para a população melhores serviços públicos".

Como melhorar a situação das receitas recorrentes

Para Isadora, o principal ponto para reverter a situação, seria uma melhoria da gestão fiscal dos municípios, com incentivos institucionais, apoio técnico e autonomia na questão da fiscalização. Dinamizar a economia seria outra forma de tentar uma alternativa, buscando novas receitas.

Cenário Brasil

No comparativo com o restante do Brasil, o Nordeste apresenta valores acima da média, que é de 84,2%. A região centro oeste é a que tem menor índice, com 79,2% de verbas governamentais, seguido de sul (80,8%), norte (81,8%) e sudeste (81,85%).

O Boletim Macro Regional - Nordeste busca entender e analisar a dinâmica da economia do nordeste, observando indicadores como PIB e o mercado de trabalho.

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