1 a cada 3 trabalhadores de aplicativo em Fortaleza já se acidentou

Outros 65,4% já passaram por algum tipo de furto ou roubo, de acordo com estudo realizado pelo MPT-CE e IDT

12:52 | Abr. 06, 2023

Por: Lennon Costa
PESQUISA mostra que 54,6% dos entregadores não contribuem com a Previdência (foto: FÁBIO LIMA)

Uma pesquisa realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-CE) e pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) identificou que 66,3% motoristas e entregadores de aplicativos em Fortaleza já sofreram algum tipo de acidente e 65,4% já passaram por algum tipo de furto ou roubo.

A pesquisa foi realizada por meio de formulário eletrônico com trabalhadores de aplicativo, disponibilizado em novembro de 2022 durante 30 dias. O estudo contou com 590 respondentes, sendo 81,5% de motoristas e 18,5% entregadores.

O estudo identificou que mais da metade destes colaboradores (54,6%) não faz nenhuma contribuição à previdência. De acordo com o analista de Desenvolvimento do Mercado de Trabalho do IDT-SINE, Erle Mesquita, isso gera uma uma situação difícil e que o estudo vai ajudar na construção dos debates em torno da pauta.

"A pesquisa mostra a periculosidade no trabalho de motoristas e de entregadores, e a maioria desses trabalhadores não tem qualquer tipo de proteção previdenciária. Então ao não poderem continuar em atividade ao sofrer um acidente ou um roubo de equipamentos necessários, ele vai ficar impossibilitado de trabalhar e assim não ter uma renda", disse.

Erle destacou que entre as mudanças necessárias para resolver essa questão estão modificar ou regulamentar a ocupação, solucionando a dificuldade de enquadramento desses trabalhadores.

"São as plataformas que determinam o preço das corridas, são as plataformas que determinam as formas de condução e também a distribuição das tarefas. Então há um caminho a ser traçado e a gente espera que em breve esses trabalhadores possam ter uma maior proteção por conta do grande risco ao qual estão sendo submetidos no dia a dia na nossa cidade", completou.

Perfil dos entrevistados

Segundo a pesquisa, a maior parte dos entrevistados são homens (85,2% motoristas e 98,2% entregadores), entre 30 e 39 anos (36,9%) que tem como grau de escolaridade o Ensino Médio completo (42,6%). O estudo identificou ainda que 77,6% destes trabalhadores são chefes de família.

A plataforma com mais trabalhadores citados foi a Uber (69,7%), seguida em menores proporções por 99
(10,2%), Ifood (7,6%) e Uber moto (7,6%).

Em relação à remuneração, a maior parte dos trabalhadores (35%) recebe entre R$ 1.213 e R$ 2.424. Sendo que 85,4% deles trabalham nas plataformas em cinco ou mais dias na semana, e a média de horas trabalhadas semanalmente é de 35 horas.

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