Renda do trabalho sobe na Grande Fortaleza e chega a R$ 1.019,87
Estudo Desigualdade nas Metrópoles mostra que a renda média per capita do trabalho avançou em relação ao 2º trimestre de 2021 (R$ 954,51), mas ainda está 13,63% abaixo da média de 2019
11:26 | Out. 13, 2022
A renda média per capita oriunda do trabalho fechou o segundo trimestre deste ano em R$ 1.019,87 na Grande Fortaleza. São R$ 65,36 a mais do que a média do segundo trimestre do ano passado, mas ainda está 13,63% abaixo da média de 2019, antes da pandemia. Também está distante da média das metrópoles brasileiras (R$ 1.518,35).
As informações constam na décima edição do “Boletim – Desigualdade nas Metrópoles”, produzido em parceria pelo PUCRS Data Social, o INCT Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).
Os dados são provenientes da PNAD Contínua trimestral, do IBGE, e dizem respeito à renda domiciliar per capita do trabalho, incluindo o setor informal. O recorte utilizado é o das 22 principais áreas metropolitanas do país, de acordo com as definições do IBGE. Os dados estão deflacionados para o segundo trimestre de 2022, de acordo com o IPCA.
No Brasil, houve um salto de 4,81% ante o segundo trimestre de 2021, quando a renda domiciliar per capita do trabalho nas metrópoles chegou ao pior valor da série histórica, R$ 1.448,66. Porém, assim como no Ceará, ainda que se trate da mais expressiva variação positiva da renda desde o início da pandemia, o valor ainda é 6,5% menor do que aquele encontrado no início de 2020.
Segundo Andre Salata, professor da PUCRS e um dos coordenadores do estudo, “o aumento recente da renda do trabalho deve ser explicado pela combinação da redução da taxa de desocupação com o arrefecimento da inflação”.
Salata também destaca que “esse aumento ocorre após oito semestres seguidos de renda em patamares muito baixo, estando longe de ser suficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia”.
Ranking da renda média por região metropolitana:
- Distrito Federal: R$ 2.131,77
- Florianópolis: R$ 1.999,19
- São Paulo: R$ 1.822,81
- Curitiba: R$ 1.693,36
- Porto Alegre: R$ 1.595,06
- Rio de Janeiro: R$ 1.542,05
- Belo Horizonte: R$ 1.517,73
- Goiânia R$ 1.453,33
- Grande Vitória: R$ 1.434,93
- Vale do Rio Cuiabá: R$ 1296,17
- Belém: R$ 1.156,51
- Aracaju: R$ 1.154,25
- Natal: R$ 1.093,18
- Macapá: R$ 1.025,11
- Salvador: R$ 1.071,40
- Fortaleza: R$ 1.019,87
- Teresina: R$ 962,21
- João Pessoa: R$ 957,50
- Maceió: R$ 939,09
- Manaus: R$ 912,05
- Recife: R$ 849,24
- Grande São Luís: R$ 832,58
Desigualdade
O levantamento mostrou também que, para os 40% mais pobres das metrópoles brasileiras, a renda do trabalho vem se recuperando desde o quarto trimestre de 2020, e agora, no segundo trimestre de 2022, alcançou o valor de R$ 250,64. Patamar é próximo àquele anterior à pandemia.
Segundo Marcelo Ribeiro, professor do IPPUR-UFRJ e um dos coordenadores do estudo, no início da pandemia, os mais pobres foram os que mais sentiram a queda em sua renda. Mais recentemente, no entanto, os prejuízos se tornaram maiores entre os 10% mais ricos, cuja renda hoje é ainda 10% menor do que no período anterior à pandemia.
Segundo Ribeiro, “enquanto os mais pobres sofreram um grande choque no início, com aumento do desemprego e queda imediata da renda, os mais ricos sofreram perdas maiores recentemente, devido à dificuldade de manter o poder de compra de seus salários em meio ao processo inflacionário num contexto de crise econômica.”
Como resultado desse processo, após um pico no terceiro trimestre de 2020, no segundo trimestre de 2022 a desigualdade se estabilizou em um patamar próximo àquele do período anterior à pandemia. O coeficiente de Gini – quanto maior, mais desigual – ficou em 0,615 no último período, o que é um valor substantivamente menor do que aquele encontrado no auge da pandemia, quando o Gini chegou a 0,661.
Salata, no entanto, faz uma ressalva: “por mais que o nível de desigualdade da renda do trabalho tenha retornado ao patamar pré-pandêmico, isso não se traduz em um mesmo nível de bem-estar. O que observamos foi uma recuperação das desigualdades combinada com uma redução do nível de rendimentos. Ou seja, estamos tão desiguais quanto no período anterior à pandemia, mas com um nível médio de renda ainda muito inferior.”