Três em cada quatro consumidores de Fortaleza estão endividados
Pesquisa do Endividamento do Consumidor aponta queda com relação a outros bimestres do ano. Tempo médio de atraso de dívida é de 74 dias
12:06 | Set. 21, 2022
Em Fortaleza, 74,8% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. O dado é da Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada para o bimestre setembro/outubro de 2022.
O índice apresentou queda de 1,1 ponto percentual comparado ao bimestre anterior, encerrado em agosto, de 75,9%. Segundo o superintendente de Ações Integradas do Sistema Fecomércio Ceará, Henrique Gonzaga, esse é o menor índice deste ano.
“Com os índices melhorando, a nossa expectativa é de melhora no comércio. Menor endividamento é igual a maior consumo”, explica Gonzaga.
Porém, se comparado a igual período do ano passado (73,1%), o índice aumentou 1,7%. O levantamento é realizado pela Fecomércio, através do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC).
Dívidas em atraso tem período médio de 74 dias
A proporção de pessoas com contas ou dívidas em atraso teve aumento de 3,6 pontos percentuais, passando de 25,2%, no bimestre julho/agosto, para 28,8% no atual período.
O tempo médio de atraso é de 74 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é a necessidade de se adiar o pagamento, para uso dos recursos em outras finalidades, citado por 58,0% dos entrevistados.
Para Gonzaga, um dos grandes motivos desse atraso nos pagamentos é a falta de planejamento do orçamento familiar. “Ainda falta que as pessoas coloquem tudo na ponta do lápis e organizem o orçamento mensal, para que, assim, possam contrair dívidas de acordo com seus recursos.”
Público identificado
São as mulheres (32%) que possuem mais dificuldades em honrar os compromissos financeiros. Além disso, pessoas com mais de 35 anos (30,6%) e com renda familiar mensal abaixo de cinco salários mínimos (29,6%), também aparecem como mais endividadas.
No levantamento, ainda foram citados como motivos para o atraso no pagamento, o desequilíbrio financeiro, em segundo lugar, com 40,8%, seguido da perda de prazo por esquecimento (6,5%) e da contestação das obrigações (4,8%).
Dívidas comprometem mais de 46% da renda
Na média, o consumidor de Fortaleza está comprometendo 46,2% da renda familiar com o pagamento das dívidas. Isso significa 2,5 pontos percentuais acima do registrado no primeiro semestre encerrado em agosto (43,7%) e muito superior à média histórica do indicador, de 35%.
Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 83,7% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 17,3%; empréstimos pessoais, com 9,0%; carnês e crediários, com 4,6%; e cheque especial, com 1,5%.
Conforme o superintendente de Ações Integradas do Sistema Fecomércio Ceará, Henrique Gonzaga, o motivo do cartão de crédito aparecer em primeiro lugar é por conta da facilidade no uso.
“O cartão é uma fonte de crédito rápida, já pré-aprovada e que está na mão do consumidor no momento da compra. Porém, para que ele não se torne um grande vilão, é preciso atenção ao utilizar e, principalmente, ao pagar, já que os juros são os maiores do mercado. Pagamentos mínimos ou em atraso, por conta do juro, pode transformar a dívida em uma bola de neve sem controle para o orçamento familiar”, comenta.
A pesquisa mostra que são os gastos correntes os principais responsáveis pelo endividamento, com destaque para a compra de alimentos a prazo (citado por 61,1% dos consumidores entrevistados), para aquisição de itens de vestuário (29,7%), a cobertura de despesas de saúde (25,3%) e o uso de crédito para pagamento de aluguel residencial (24,7%).
O valor médio das dívidas é de R$ 1.704, com prazo médio de oito meses.
“Os produtos apontados como principais são aqueles básicos para toda a família. Comida, aluguel, vestuário e algo relacionado com a saúde. Isso reflete o custo de vida das pessoas, mas também, novamente, a falta de ver os custos familiares e adequá-los ao orçamento", comenta Gonzaga.
Inadimplência potencial aumenta em 1,6%
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, aumentou 1,6 ponto percentual, atingindo o patamar de 13,2% no bimestre setembro/outubro.
Apesar do resultado, o índice mostra melhora com relação ao mesmo período de 2021, quando foi mensurado em 15,8%.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 15,7%), do grupo com idade acima dos 35 anos (16,1%) e do estrato com renda familiar mensal inferior a cinco salários-mínimos (13,8%).
A pesquisa ainda revela que 73,4% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento.
Dos entrevistados, 15,4% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 11,2% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência.
Dos fatores apontados pelos consumidores que os deixariam endividados:
• Falta de orçamento e controle dos gastos, com 52,1% das respostas;
• Redução dos rendimentos, com 22,4%;
• Desemprego, com 22,0%;
• O aumento dos gastos considerados essenciais, com 21,8%;
• As compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 19,2%; e
• Gastos imprevistos, com 15,8%
Reflexos no comércio
Analisando o comportamento do consumidor da capital, após essa pesquisa e com base nas anteriores, o superintendente da Fecomércio projeta uma boa expectativa de consumo com relação ao final deste ano.
Ele afirma que mesmo não ocorrendo com rapidez, há uma queda gradativa do endividamento que, aliada ao adiantamento e pagamento do 13º salário, que ocorrem no próximo bimestre, fazem com que o setor fique otimista para datas importantes como o Dia das Crianças, o Natal e as festas de final de ano.
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