Ceará fechou mais estabelecimentos turísticos do que abriu em 2020

No ano passado, o País registrou a maior perda de negócios do segmento com vínculos empregatícios desde 2016

14:14 | Abr. 08, 2021

As barracas de praia estão fechadas há 51 dias em Fortaleza. (foto: Aurelio Alves)

Com saldo negativo de 770 negócios turísticos, o Ceará fechou mais estabelecimentos do segmento que possuíam vínculos empregatícios do que abriu, no ano passado. Foi o 10º estado com pior resultado do País, dentre os 26 pesquisados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O levantamento, divulgado nesta quinta-feira, 8, mostra que no País, a quantidade de estabelecimentos com vínculos empregatícios no setor de turismo recuou em 35,5 mil unidades em 2020. É a maior perda anual desde 2016 (-44,9 mil). Esse saldo negativo representou uma queda de 13,9% ante 2019.

Na verdade, todas as unidades da Federação registraram saldos negativos, com São Paulo (-10,9 mil) liderando, seguida de Minas Gerais (-4,1 mil), Rio de Janeiro (-3,7 mil) e Paraná (-2,6 mil).

Micros e pequenos 

Pesquisa da CNC ainda mostra que, os saldos negativos se sobressaíram entre os micros (-19,28 mil) e pequenos (-11,45 mil) negócios, que, juntos, responderam por 87% do total de pontos perdidos em 2020.

"Nem mesmo a desvalorização de 29% do real no ano passado, que, em situações normais estimularia o turismo interno, evitou perdas expressivas para o setor. Internamente, a recessão promoveu uma realocação de gastos em favor de bens e serviços essenciais. A demanda externa, por sua vez, esbarrou nos protocolos caracterizados por severas restrições ao fluxo turístico internacional. Assim, o volume de gastos dos turistas estrangeiros no Brasil em 2020 (R$ 3,0 bilhões) representou a metade dos gastos totais em 2019 (R$ 6,0 bilhões), sendo o menor volume registrado desde 2003, segundo dados do Banco Central", conclui análise da CNC. 

Receitas

A pesquisa ainda mostra que a pandemia provocou uma retração significativa na demanda por serviços não essenciais em 2020. No turismo brasileiro, o volume de receitas do setor encolheu 36,6% ante 2019. E, diante da falta de expectativas de reversão da crise para o setor no curto prazo, todos os segmentos turísticos registraram perdas de pontos operacionais.

Os destaques foram para os serviços de alimentação fora do domicílio, como bares e restaurantes (-28,61 mil), seguidos pelo segmento de hospedagem em hotéis, pousadas e similares (-3,04 mil) e agências de viagens (-1,39 mil).

Atividade econômica

Entre fevereiro e abril de 2020, o volume de receitas do setor acumulou queda de 68% no País, segundo a CNC. Houve alguma reação nos meses subsequentes, mas o nível de faturamento ficou 30% abaixo do nível pré-pandemia no ano passado.

Para se ter ideia, a indústria fechou com nível de atividade 3% acima de fevereiro daquele ano, as vendas no varejo ampliado se mantiveram estáveis e o setor de serviços ainda perdia 4% em volume de receitas.