Sindicato dos Bancários do Ceará decide manter greve dos funcionários do Banco do Brasil
Entidades afirmam que o BB "se manteve irredutível" e não aceitou negociar o fim do comissionamento de função dos caixas, nem o abono dos dias de paralisação em protesto contra a proposta de reestruturação do banco, que prevê 5 mil demissões, o fechamento de 112 agências, de 242 postos de atendimento e sete escritórios
12:23 | Fev. 11, 2021
Sem acordo com o Banco do Brasil, o Sindicato dos Bancários do Ceará e o Comando Nacional dos Bancários optaram por manter o estado de greve nesta quinta-feira, 11. Segundo as entidades, a instituição bancária "se manteve irredutível e não aceitou negociar o fim do comissionamento de função dos caixas, nem o abono dos dias de paralisação em protesto contra a proposta de reestruturação do banco, que prevê 5 mil demissões, o fechamento de 112 agências, de 242 postos de atendimento e sete escritórios".
A ideia é realizar tuitaço hoje e também entrar com ações judiciais contra as desgratificações, o fechamento das agências, pedindo a reclassificação das faltas, além de realizar contato com parlamentares, prefeitos e governadores.
“É um absurdo que, em plena pandemia, um banco público, que apresenta lucro e fornece recurso para o Tesouro Nacional, queira reduzir 5 mil postos de trabalho e os salários de quem vai continuar trabalhando”, afirmou, em nota, a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “Além disso, queira fechar unidades de atendimento, prejudicando duplamente a população que terá menos funcionários para atendê-la e menos unidades que lhes prestem o serviço".
O coordenador da CEBB, João Fukunaga, afirma que o banco já retirou a gratificação dos caixas e o movimento de protesto deve continuar na mesma intensidade. "Hoje já houve uma boa adesão à paralisação e demais atividades de protesto. Vamos intensificar as ações para que isso siga numa crescente e leve à mobilização de toda a sociedade contra mais esse descalabro do governo”, disse.
Os bancários do Ceará informaram que, nesta quinta-feira, 11, a partir das 19h, vão se unir a toda a categoria no Nordeste e vão participar de uma plenária regional.
Entenda
Na quarta-feira, 10, segundo o Banco do Brasil, apenas 88 dependências da instituição não funcionaram devido à paralisação, de um total de mais de 5 mil unidades da empresa. O estado de greve foi aprovado em assembleia no dia 5 de fevereiro e ontem os sindicatos de todo o País realizaram manifestações.
Os protestos e paralisações decorrem do anúncio do Banco do Brasil, em janeiro, dos planos de encerrar as atividades de 112 agências no primeiro semestre e o corte de 5 mil colaboradores por meio de programas de demissão voluntária, cuja validação já chegou em 5.533. "O Banco do Brasil reafirma seu entendimento de que as medidas de reorganização preparam a empresa para um ambiente de maior competitividade no setor financeiro. Também estão alinhadas com o aprimoramento da experiência do cliente e com o maior investimento em soluções digitais", defende em nota o BB.
O banco informa que "os sindicatos foram prontamente informados sobre as mudanças e o Banco do Brasil apresentou às entidades sindicais todas as razões e as medidas adotadas relativas à reorganização institucional".
Mas para o Sindicato dos Bancários do Ceará, que aderiu à paralisação, falta transparência do BB quanto às mudanças. "É um ente público que não informa sequer quantas agências estão fechando. O BB está deixando de cumprir uma premissa básica: quais os funcionários que serão atingidos, quais agências? Ele não está informando", diz Carlos Eduardo Bezerra, presidente do sindicato cearense.
Carlos Eduardo Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários no Estado, diz que, no Ceará, são 2 mil funcionários e que, "pela falta de informação do banco", atualmente, todos estão sendo atingidos pelas mudanças no BB. Somente de caixas, ele frisa que cerca de 300 perdem as funções no Estado, e 5 mil no País. "No processo de fechamento de uma série de agências, muitos funcionários vão ter de se mudar, sem concordância, para outros estados, para outras cidades, compulsoriamente. Então terá demissões, remoções compulsórias, perdas de gratificação, fechamento de agências", acrescenta.
Apesar de pronunciamento, o BB não deu retorno sobre quais agências serão fechadas no Ceará, quantas viram postos de atendimento, quantos funcionários perderam gratificação e quantos aderiram aos programas de demissão da instituição, além de quantos caixas foram reduzidos no Estado.
O POVO procurou o banco novamente nesta quinta-feira, 11, para saber se a intensificação da greve atinge novamente as 88 agências ou mais. Questionou ainda, novamente, sobre os impactos no Estado, mas ainda não obteve retorno.